Beijos e rock, sem muita poesia

Sabe aquela semana que parece que nunca vai ter fim? Ora pesadelo, ora sonho... Pois é, os últimos dias foram assim: tensos, sofríveis, românticos, neuróticos, surpreendentes. Eu sou ariano, odeio monotonia, gosto de ser ágil e gosto que a vida seja ágil também. Tudo vem e te atropela, te leva, te afoga, te afunda, te come e te cospe. Inconstância sem fim!

Sexta-feira, 16 de julho de 2010 - O lago pra Ofélia se afogar
A noite anterior tinha sido um pouco estranha. Fizemos um ensaio da peça ao som de trovoadas, uma chuva terrível daquelas que anunciam o fim do mundo. O Che e eu maquiados, com o rostos pálidos, expectativa a mil. Gravação do dvd da peça rolando, pique de luz. Corrrta! No ensaio ainda dava pra fazer isso... Retoma! O ensaio da quarta-feira foi melhor. Talvez o de quinta-feira tenha sido do que jeito que foi, pra espantar as coisas ruins, os desastres, da natureza e da máquina chamada "teatro", que precisa de harmonia pra funcionar direito. Sexta-feira de manhã, eu tentava me manter calmo. Na biblioteca, montagem de estantes, e pra relaxar, cantoria sussurrada, uma forma de dizermos "não, estamos muito tranquilos... tudo dará certo..." A tarde, o nervosismo não pôde mais ser disfarçado. Frio na barriga, choro sem porquê, inspiração pra escrever. Fazer teatro dói às vezes, sufoca, martiriza. Não fiquei deprimido, era expectativa, ansiedade de fazer subir o coração até a boca. O banho foi a última tentativa para relaxar. Mais choro calado, e finalmente, a paz voltou a reinar. Na SAT, ticket para a passagem final na mão, foi o presente de saudação do Paulo. Quem viu a peça, sabe do que estou falando. A Joice estava por lá. Tinha prometido ir assistir e cumpriu. Éder e Lislaine também já tinham chegado. Maquiagem, hora passou rápido. Cigarro. O Che e eu numa infinita pergunta: "e aí, tá nervoso, cara?" Na verdade, queríamos perguntar: "e aí cara, tá mais nervoso do que eu?" Público começa a chegar. Cigarro. Tínhamos combinado de tomar vinho antes da estreia, mas fiquei com medo de errar os degraus da escada. Não podia correr esse risco, não nesse dia. Cigarro, oração, abraço no meu grande amigo, um grande cara, um grande ator nascendo ali. Começou. Meu Deus, que emoção, que coisa boa! Um dos melhores momentos para o ator, pisar no palco no primeiro segundo de espetáculo, ouvir a respiração do público, buscar confiança nele, sentir o cheiro da arte. Foi uma noite perfeita! Risos na hora certa, silêncio arrepiante, depois suspiro de alívio, cabeças pensantes tentando desvendar o mistério das duas personagens. O aplauso. Foi tudo ótimo, dentro daquilo que almejávamos. O Che, o Paulo e eu saímos da SAT felizes e orgulhosos. Meus pais e os pais do Che não se aguentavam, estavam grandes de tanto orgulho, olhos marejados e sorrisos francos. Nossa estreia tinha acabado de ocorrer, e vimos que nosso trabalho valeu muito a pena. Realização e vontade imensa de percorrer um bom caminho com o espetáculo! Depois da peça, bebidinhas no Sossego, uma lanchonete aqui em Tambaú. O cansaço não permitia que fizéssemos mais nada naquela noite.

Sábado, 17 de julho de 2010 - Consequências
Sabia que aquele stress, todo aquele frio na barriga, ia me fazer muito mal no dia seguinte. Estava exausto, contente com a peça, mas completamente sem energia. Manhã inútil. A tarde, Lislaine, Che e eu nos reunimos em casa para fazer algo que tínhamos planejado há algum tempo: compartilharmos nossas fotos de infância. Eles trouxeram os álbuns até em casa e passamos a tarde nos divertindo. Relembrar é algo bom, e nós três tivemos uma infância feliz. Nós três nos conhecemos há mais ou menos 2 anos atrás, e nesse sábado, eu olhava pra eles e pensava que teria sido muito bom ter passado minha infância ao lado deles. Mas a vida sabe o que faz, não é? Tivemos a sorte de nos encontrar agora, quando um precisava do outro por algum motivo, que um dia iremos saber, ou não, só sei que tinha que ser assim... A noite não foi muito boa. O cansaço ainda dava sinais muito evidentes, e a irritação também. Ouvir Legião, Raul, Beatles, Cazuza, todo sábado a noite com um copo de vinho na mão, em pé numa rodinha, falando bobagens, tem dia que cansa. Mudança de planos. Íamos pra SEUNIT e não fomos. "Sossego" novamente. Mas a noite já estava condenada. Nada me animou. Resolvi ir embora depois de um tempo, e isso acabou com a noite de todo mundo. Fomos todos embora. O Che, na hora de se despedir, perguntou se estava tudo certo e me abraçou. Disse que estava. Estava nada, tudo estava errado, péssimo, caótico e sufocante. Mas nada merecia ser dito.

Domingo, 18 de julho de 2010 - O que eu queria e/ou não queria ouvir...
Almoço na casa da minha tia. Programinha normal de domingo! A minha perturbação parecia aumentar. Questionei tanta coisa esse dia, perdi a oportunidade de ficar calado numa conversa manjada, onde você fala, fala, querendo que a pessoa diga exatamente aquilo que você quer ouvir, e ela diz. No momento, satisfaz você, depois, é ruína. Domingo a noite, insisti em sair. Queria ter uma outra conversa, definitiva e aniquiladora, ia rasgar o peito. Não era certo o que estava fazendo comigo, era judiação demais, ilusão demais. Mas não rolou. Não tive oportunidade. Ficou só no vinho, no papo aqui, papo ali. Fomos dessa vez pra SEUNIT, a Semana Universitária Tambauense, um evento que acontece aqui na cidade há 47 anos, sempre reunindo numa mesma semana, cultura, música e artes, para um público predominantemente jovem. Vou falar bastante dela por aqui ainda nesse post. No domingo, na SEUNIT, que rolou na Lex Luthor, tocava a banda Black Case. Estávamos eu, Che, Cesinha e Elton por lá. Maikinho foi embora e não entrou. Fiz uma força imensa pra manter a alegria, pra segurar o vulcão prestes a entrar em erupção. Estava mal mesmo. O som da guitarra batia em mim e ficava ali, mantendo a nota. Numa ida ao bar, recebi um convite. Queriam que eu apresentasse um desfile de Modas na SEUNIT, na terça-feira. Tinham me visto na apresentação do Festival de Modas, e gostaram. Topei. Sim, inacreditavelmente, eu topei, naquela hora, naquela noite terrível. O domingo acabou e eu tentava acreditar que meu mal era sono.

Segunda-feira, 19 de julho de 2010 - Dia de quase-fúria
Não comento muita coisa sobre esse dia, um dos piores dos últimos tempos. Não podia nem com a minha própria voz, não estava ME aguentando. Carreguei o mundo nas costas o dia todo, num peso avassalador. Fui chato, fui grosso no telefone, fui indiferente, fui intocável. Péssimo! Não gosto nem de lembrar. A noite, teve ensaio do desfile na Lex Luthor. Fui até lá. O ensaio durou até a hora em que o Che e a Lis apareceram. Na SEUNIT, era dia de bandas de garagem fazerem um som por lá. Fiquei até certa hora, mas a sensatez me mandou ir embora. Tinha sido tudo tão #tenso, que achei melhor me preservar. Um choro sentido veio manso a noite, e um e-mail com um pedido de socorro foi enviado para alguém que, naquela hora, eu pensava ser a única capaz de me entender, de estar ao meu lado. Ledo engano! Sono e cama.

Terça-feira, 20 de julho de 2010 - Big surprise
Manhã chata de novo. Precisava conversar com alguém, fazer alguma coisa. Disse pro Che que precisava falar com ele a noite, na hora que ele pudesse. Me afastei muito dele e de todos nesses últimos dias e tinha que consertar as coisas, que talvez tivessem erradas. Pra mim tá tudo errado! Ele foi gentil, perguntou se estava tudo bem. Isso já me acalmou. Confio muito nele, e saber que ele está do meu lado, já me acalmou. Não posso reclamar dos meus amigos. A noite, fomos pra Lex Luthor. Eu cheguei mais cedo porque ia apresentar o desfile. Três lojas se juntaram para promover o desfile aqui na cidade, O Boticário, Shó Modas, e Espaço da Moda. Desfilaram crianças e adolescentes, com as peças e produtos das lojas. Enfim, fiquei o tempo todo no palco. Momentos inusitados com crianças na passarela, isso é básico. Algumas delas quase caíram de lá, tivemos, eu e a Carol, aluna nossa do teatro que estava vestida de "anjo" no desfile, que desviar algumas crianças do buraco hehe. #tenso. Mas correu tudo bem! Foi sucesso! Todo mundo curtiu, eu também. Ganhei um perfume do Boticário, amei isso! Baladinha logo depois com a Lis e o Che, que estavam por lá também. Meu humor já tinha melhorado bastante nessa hora. Dançamos, bebemos. Andando por lá, passei por alguém que já tinha visto na SEUNIT num desses dias, mas que não passava pela minha cabeça cumprimentar. Conhecia há bastante tempo, sempre mexeu comigo de alguma forma. Nos cumprimentamos. Depois, lá fora, conversei com o Che sobre a crise sem explicação que estava enfrentando. Ficou tudo certo. Hora de ir embora!

Quarta-feira, 21 de julho de 2010 - Nada feito
Manhã mais sossegada, despretenciosa. A tarde, uma conversa no msn me deixou bem #tenso. Encontrei aquela pessoa on line. Conversamos umas 2, 3 vezes, há algum tempo já, mas nada demais. Perguntei se ia na SEUNIT, disse que sim, e me candidatei prontamente a estar por lá. Depois, recebi um novo convite para bancar o apresentador hehe. Dessa vez, fui apresentar um palestrante, que veio a Tambaú fazer um seminário sobre "Direitos do Consumidor". Foi coisa rápida! Marquei com o Che para depois, na Lex Luthor. Mas a balada demorou demais pra começar, e o frio era latente do lado de fora. Esperamos até certa hora e fomos embora. Não vi quem queria ver e o que restava era dormir.

Quinta-feira, 22 de julho de 2010 - Inesquecível
Dia normal na biblioteca. A arrumação por lá continua a toda prova. Cada dia o espaço fica melhor, e quem ganha com isso é o usuário. Em poucos dias, a energia elétrica foi instalada, os computadores com internet disponibilizados, as cortinas colocadas, os móveis renovados... Dá até orgulho de ver... O trabalho que a Quintal das Artes vem realizando por lá é muito louvável. É duro e cansativo às vezes, mas o esforço vale a pena. Bom, na SAT, a noite foi de "Cinema em Cena", com o filme "Minha Amada Imortal", que conta a história de Beethoven. O filme era muito bom, apesar de triste e melancólico, mas eu estava tão cansado que deitei no fundo pra assistir. A cabeça da Lislaine no meio da legenda me ajudou muito a dar umas cochiladas. Logo depois, fomos pra Lex Luthor. O Che, o Leandro e eu entramos. Quem tocou nesse dia foi a banda Nota Promissória, da cidade de São Carlos. Muito bom o show! São meninas adolescentes que compõem a banda, que toca de Raul Seixas a AC/DC. Encontramos a Aline, minha prima, com as amigas por lá. Logo que entrei, avistei quem eu queria. Não sabia de nada, se aquele papo do msn tinha sido apenas simpatia, brincadeira boba e despercebida. Até que, numa hora em que saía pra fumar, acabei encontrando a pessoa, sozinha. Foi mais fácil! Cumprimentei, conversamos um pouco, e ganhei ali a liberdade que precisava para dizer aquilo que sempre quis dizer. O desenrolar disso tudo não precisa ser postado aqui, até porque seria um pouco indelicado. O que devo dizer é que, tempo depois, um pouco longe dali, o beijo aconteceu. Foi lindo, mágico, aquele beijo que seu coração reage tentando te dizer que a partir dali, você nunca mais será o mesmo. Eu quis esse beijo há 6,7 anos atrás, mas nunca fui além de algumas insinuações. Depois, a vida seguiu seu rumo. Eu namorei durante bastante tempo, perdemos o contato, nunca mais ouvi sequer falar. Muito recentemente, reencontrei na rua, passando... Falamos um "oi" discreto, sem graça, mas nunca me passou pela cabeça de que algum dia esse encontro iria acontecer. Foram momentos maravilhosos. Me senti tão bem, como há bastante tempo alguém não fazia com que sentisse... A rua silenciosa, e escura, ganhava luz e música. Se vai acontecer novamente ou não, eu não sei, quem sabe, quem entende a vida? O fato é que pode passar por mim 50, 100 anos, essa noite será sempre inesquecível. Eu sou um exagerado ariano, apaixonado pelo amor, se não me arrepiar, não vibrar com isso, não sou eu.

Sexta-feira, 23 de julho de 2010 - Mais uma de amor
Passei o dia todo na base do suspiro. A noite anterior ainda era inacreditável, minha ficha demorou a cair. Trabalho na biblioteca o dia todo, a noite teve peça na SAT. Um grupo de teatro de Mococa apresentou, também na SEUNIT, a peça "A Morte Bêbada da Morte", uma comédia gostosa de se ver. A galera do teatro estava lá, o Che também. Fomos até o Bar do Mancha, onde tomamos um vinho. Rodolfo, Lislaine, Éder e Leandro apareceram por lá também. Batemos um gostoso papo sobre teatro, sobre música. Foi legal! Depois, Che, Éder, Leandro e eu, descemos para a Lex Luthor. Só Che e eu entramos, com o Neno que apareceu depois, mas que ficou pouco com a gente. Quem eu queria ver por lá, nessa noite eu não vi. A distância está virando um obstáculo fundamental na minha vida amorosa hehe. Aquele alguém já tinha ido embora, não estava mais em Tambaú. A noite parecia que ia acabar daquele jeito, desanimada, sem graça. Uma conversa sincera com o Che lá fora, em meio a 2 ou 3 cigarros, uma conversa sobre como a vida é e quem somos ou não dentro dela, se está valendo muito a pena sermos quem somos, seres "alienígenas" no meio da multidão, com pensamentos e idéias tão diferentes. Estava querendo ir embora, mas fomos dar uma última olhada lá dentro. De repente, surge ela. É, a noite dessa vez foi produtiva pra outra pessoa, numa história bem parecida com a minha, da noite anterior: uma relação perdida aí no meio da vida que já não tinha mais chance de começar, de acontecer, mas que aconteceu, numa noite aí que não prometia ser diferente das demais. Fui embora, feliz, meio chocado com as coincidências, com a forma que a vida acontece, tudo se encaixando, acontecendo na hora certa, fazendo sentido. Às vezes, vem como um terrível tapa na cara, outras vezes como tapa de luva de pelica, e vai ensinando, construindo e desconstruindo relações, paixões e sonhos. Eu não duvido de nada, espero tudo da vida, e ela vai me surpreendendo...

Sábado, 24 e domingo, 25 de julho de 2010 - Só amigos
Meus pais foram viajar, fiquei em casa sozinho o final de semana todo. Foi um tempo bom pra dormir a tarde com absoluto silêncio, e pra organizar tudo, meu quarto, meus pensamentos, minhas músicas no pc. A noite foi ótima, com meus queridos amigos. Lislaine, Cesinha, Maikinho, Bruninha, Leandro, Éder, Che e eu na Lex Luthor. Bebida, som da hora, muito rock, só liberação na dança de tudo que rolou nos últimos dias. No final da noite, um abraço selou o último detalhe dessas histórias todas que faltava. O "tapa na cara" que levei, por mais que tenha sido duro reconhecer, me colocou no chão, me fez ver exatamente como as coisas são, e que eu não devo lutar contra elas. Não posso culpar ninguém por não ser como eu, por não ser como eu gostaria, nem por não oferecer a mim aquilo que eu sempre desejei, se por acaso já me oferece tudo aquilo que pode. Ainda estou digerindo isso tudo, engolindo aos poucos. É provável que nunca mais veja as coisas do jeito que eram, nem me comportarei como alguém que podia oferecer numa bandeja a própria felicidade, tudo agora está no seu lugar. Nem muito nem pouco, dou o que recebo. Meu coração está aliviado, e na torcida pela continuação de todas essas histórias...
Domingo foi dia de almoço aqui em casa. Preparei um delicioso macarrão e assei uma pizza. Lis e Che vieram almoçar comigo, já que ia comer sozinho. Conversamos bastante, rimos, bons amigos reunidos. Depois, foi nosso encerramento na agitada SEUNIT 2010, no Campeonato de Som Automotivo. Muito barulho, muito sol, muita gente. Mas foi bom. Uma saidinha mais a noite, para tomar um vinho, parecendo fechamento de episódio de série americana. A lua dessa noite era a mais linda que eu já vi, inspiradora, enorme, nascendo atrás da minha casa... O fade out aconteceu. Os créditos apareceram. Era hora de dormir para, no dia seguinte, enfrentar um novo início de semana.

Ciego, sordomudo

"Se pudiera exorcizarme de tu voz, se pudiera escaparme de tu nombre, se pudiera arrancarme el corazón, y esconderme para no sentirme nuevamente."

(Shakira Mebarak)

O Teatro me salva

"O teatro me salva, me exorciza, me cospe a alma, me vomita o ser. É riso sincero, é a dor mais sentida. É lágrima de desespero, é medo e coragem de mãos dadas. É rock, é mpb, é pop. É a guitarra ardida dos Beatles, a malandragem doce de Vinicius, é o sexo da Lady GaGa. O teatro me faz ser super-herói, me dá asas, me transporta. Teatro me incomoda, me inspira, me critica, me pega forte no pêlo inflamado, me cutuca com a pinça, me estapeia. É ver a cara da morte, é morrer sincero, é ver a Lua. É viver, é ter prazer, é gozar, queimar, queimar no sol. É amar quem eu acabei de conhecer, paixão a primeira vista, é me apropriar de vida alheia, a da personagem. Essa me consome, me perturba, entra nos meus sonhos, tem implacável exigência, me observa no âmago e me pune, se não a visto por inteira. O teatro sou eu, eu ator, em busca de quem sou, perdido no mais vasto conhecimento e ignorância da vida, maquiado para esconder minhas imperfeições, com luz forte derretendo a testa, para me fazer brilhar e ganhar o mundo."

(José Ono Junior, ator)

Chegou o dia! A estreia de "Sexo dos Anjos" é hoje. Dia de estreia de espetáculo nunca é um dia comum, e nunca é igual de uma peça pra outra. Hoje tem um bichinho me comendo dentro da barriga, e meu rosto tem uma terrível tensão que aperta os olhos, e não é enxaqueca. Deuses me observam pelas costas, andam pelo meu quarto, e me cobram um bom trabalho. Mas as intenções deles são boas, só cobram aquilo que é certo. Teatro é pra quem tem coragem, não tem correção, é tudo ao vivo, cada segundo vai passando e ficando pra trás. "Sexo dos Anjos" vem com uma proposta inovadora para o teatro tambauense. Uma hora de espetáculo, com dois atores em cena, o Bruno (o conhecido "Che") e eu, e tudo é muito imprevisível para a platéia. O palco está montado em forma de arena. O público não perde uma gota de suor que cai. E dá-lhe texto, e dá-lhe ação, emoção, contradição. Aliás, o texto é um grande presente que ganhamos do autor Flávio de Souza, e na história dessa nossa montagem, existem tristes e felizes coincidências. A tristeza fica por conta do nosso homenageado Ariovaldo dos Santos, que foi quem apresentou o texto para o Paulo Rogério, nosso diretor, e quem o colocou em contato com o autor, para que pudéssemos obter a autorização para a montagem. Ariovaldo faleceu em abril desse ano e estará olhando por nós essa noite. A felicidade vem do fato de eu estar em cena com o Che, meu grande amigo. Hoje, penso que ninguém mais poderia fazer essa peça além de nós por aqui. O Paulo sempre diz que, quando é pra uma peça acontecer, tudo se encaixa sozinho. E esse encaixe foi perfeito. Sem mais, vou curtir meu bichinho que me corrói por dentro. Uma boa peça para todos que forem embarcar nessa viagem com a gente hoje a noite, às 21 hs na SAT! E uma MERDA gigante para o Che (hoje a noite é nossa, fio!), e para o Paulo, que agradeço mais uma vez pela oportunidade de deixar vivo dentro de mim aquilo me mantém de pé, firme: minha arte.

Não amo ninguém

Eu ontem fui dormir todo encolhido
Agarrando uns quatro travesseiros
Chorando bem baixinho, bem baixinho, baby
Pra nem eu nem Deus ouvir
Fazendo festinha em mim mesmo
Como um neném, até dormir
Sonhei que eu caía do vigésimo andar
E não morria
Ganhava três milhões e meio de dólares
Na loteria
E você me dizia com a voz terna, cheia de malícia
Que me queria pra toda vida
Mal acordei, já dei de cara
Com a tua cara no porta-retrato
Não sei por que que de manhã
Toda manhã parece um parto
Quem sabe, depois de um tapa
Eu hoje vou matar essa charada
Se todo alguém que ama
Ama pra ser correspondido
Se todo alguém que eu amo
É como amar a lua inacessível
É que eu não amo ninguém
Não amo ninguém
Eu não amo ninguém, parece incrível
Não amo ninguém
E é só amor que eu respiro.

(Cazuza)

#diadorock

Lis Joplin

Zézuza

AC Bruno DC


Os Biitous

#diadorock

I Love Rock N' Roll
Joan Jett

I saw him dancing there by the record machine
I knew he must have been about 17
The beat was going strong, playing my favorite song
And I could tell it wouldn't be long till he was with me
Yeah with me
And I could tell it wouldn't be long till he was with me
Yeah with me

CHORUS
Singin' I love rock and roll
So put another dime in the jukebox baby
I love rock and roll
So come on take some time and dance with me

*OWWW*

He smiled so I got up and asked for his name
but that don't matter he said cuz it's all the same
I said can I take ya home, where we can be alone
And next we're moving on and he was with me
Yeah me
And next we're moving on and he was with me
Yeah me

CHORUS

I said can I take ya home where we can be alone
Next we're moving on and he was with me
Yeah me
and we'll be moving on and singing that same old song
Yeah with me


Eu vi ele dançando ali perto da máquina de música
Eu sabia que ele deveria ter uns dezessete
A batida estava ficando mais forte
Tocando minha música favorita
E eu poderia dizer que não iria durar
enquanto ele estivesse comigo, yeah comigo, cantando

Eu amo rock and roll
Então bote outra moeda na máquina de música, bebê
Eu amo rock and roll
Então venha e passe seu tempo dançando comigo

Ele sorriu, então eu me liguei e perguntei o seu nome
Isso não importa, ele disse,
porque é tudo a mesma coisa

Eu disse, posso te levar para casa onde poderemos estar sozinhos
Em seguida fomos mudando
Ele estava comigo, yeah comigo
Em seguida fomos mudando
Ele estava comigo, yeah comigo, cantando

Eu disse, posso te levar pra casa onde poderemos estar sozinhos?
E depois estavamos nos movendo e ele estava comigo
Yeah, comigo
E depois estavamos nos movendo cantando a mesma velha música
Yeah, comigo.

Criado como um embrião do Live Aid, festival de 1985 que promoveu shows simultâneos em Londres e Filadélfia em prol do fim da fome na Etiópia, o Dia Mundial do Rock é celebrado anualmente, sempre na data de aniversário do super evento organizado por Bob Geldof – 13 de julho.

Em duas décadas e meia acompanhamos, no Brasil e no mundo, uma infinidade de bandas surgindo e se despedindo, o que só prova que em matéria de reinvenção e evolução ninguém bate o pessoal da guitarra e do baixo. Considerando os participantes do Live Aid, não temos mais, por exemplo, Queen, Mick Jagger em carreira solo ou Black Sabbath. Ou nem ouvimos mais falar do Status Quo ou de Joan Baez. Ainda ouvimos, em compensação, músicas inéditas de U2 e Paul McCartney, sempre lançado discos – ops, MP3.

Nos aprofundando nesse período conturbado, com a explosão da Internet, queda do Muro de Berlim, impeachment de Fernando Collor, efeito estufa e gravadoras enxugando catálogos, conhecemos um rock mais eletrônico, o grunge de Kurt Cobain (será que o rock teria outro rumo se ele não tivesse se suicidado em 1994?), o britpop do Oasis, o nu metal de Linkin Park, o rock em seu estado mais fabuloso com o The Strokes e uma geração muito promissora, de Arctic Monkeys e The Killers.

Pesadelos

A chuva que o céu prometeu hoje a tarde, não veio. Foi só barulho e escuridão, e poucos pingos insignificantes. Hoje acordei tenso. É natural eu ter pesadelos com o teatro na véspera da estreia, desde pequeno. Mais recentemente, foi assim com "Confissões de Adolescente" e com "Tribobó". Com "O Príncipe da Quermesse", foi em dose dupla. Num deles, eu brigava com a platéia e eles corriam atrás de mim na rua pra me bater. Dessa vez, o pesadelo veio 5 dias antes da estreia. Como sempre, dava tudo errado, o figurino, isso é "batata", sumiu na coxia. Entrei rápido pra me trocar e cadê minha camisa branca? Mas é natural... Ensaiamos bastante na última semana, e ontem foi dia de ver o palco montado, as luzes já no chão da SAT, preparadas pra serem instaladas. O frio na barriga surge, a expectativa é inevitável, mesmo que imperceptível, e o pesadelo vem adiantado. Num dos ensaios da semana passada, um imprevisto. Sim, amigos! Eu caí de poupança no chão, numa cena em que subo correndo as escadas do cenário. Fui subir e chutei a escada. Caí legal! Gargalhadas ecoaram, não? Sempre achei que isso poderia acontecer, pela movimentação frenética que eu e Che fazemos em cena, mas não tinha certeza se iria ser eu o premiado, pois foi. No mesmo ensaio, ganhamos uma nova trilha sonora, na última cena, a mais emocionante, a que exige mais concentração. Estávamos lá, concentrados, dando o texto, e de repente surge um som estranho, de karaoke de botequim, achei na hora que era "Pensa em mim" do Leandro e Leonardo, a versão que a gente encontra em qualquer cd de karaokê. Era o som do dvd que era exibido num telão da SAT, numa palestra motivacional que estava para começar. Sim, foi-se a cena! Terminamos de maneira diferente, mas não cabe descrever aqui para não estragar a real surpresa do final da peça.

Disposição pra ir a pé pra biblioteca hoje. O solzinho da manhã, quando não se tem o clássico cansaço, é inspirador. Fui ouvindo "Low Rising", da banda The Swell Season, no mp3 do celular. A hora do meu dia que mais penso, é quando estou andando na rua, ouvindo música. Já passei até por antipático por não cumprimentar conhecidos. Mas não é por mal. A concentração é tanta que às vezes não consigo ver as pessoas. E se vejo, não consigo processar que as conheço. Consciente, encontrei a Josi pelo caminho. Descemos juntos. Manhã tranquila na biblioteca. Hoje começou a trabalhar lá a dona Fátima, mãe da Carolzinha, do grupo de teatro. Almoço modesto em casa depois, não porque minha mãe fraquejou na cozinha, mas sim porque comecei um regime. E não é porque hoje é segunda-feira, mas porque venho ensaiando isso há dias, e hoje decidi. Salada, um copo de arroz, um bife, e só caldo do feijão, sem repetições. Pra beber, suco de laranja. Eu sei que qualquer nutricionista recomenda que não é bom beber enquanto se come, mas eu não resisto. É difícil pra mim comer sem beber nada, é fato. Tarde cansativa na biblioteca! Quem foi que inventou de mudar os arquivos do lugar? Fui eu! Se foi, me amordacem, me imobilizem, estou ficando louco. Que troço pesado! Me besuntei em graxa das gavetas! Som de metal, escola de samba na avenida. Difícil, mas tá feito! Palmas a Lislaine, que resistiu bravamente e ficou comigo até o fim, bem mais animada e disposta do que eu. Não, eu não fiquei monossilábico dessa vez. Sempre fico monossilábico quando me canso demais. Dessa vez, eu fiquei inexpressivo! Voltei pra casa a passos de tartaruga bêbada. Banho, comida, cigarro, internet e blog!

Ai ai... comecei a falar da segunda-feira porque ela foi menos pior do que o final de semana. Pedi muito pra chegar logo hoje, pra voltar a trabalhar, e tudo voltar ao normal. Finalzinho de semana esquisito. Tem que comentar mesmo? Ok! Fui dramático agora... vamos lá...

Meus planos de dormir pelo menos um dia inteiro desses 3 de folga que tive, não se concretizou. Disse que ia fazer isso umas 10 vezes na quinta-feira. Mas nada feito! Não que tenham me impedido, o fato é que meu hiperativismo ariano não permite isso. Cabeça pensante, boca cantante, coração latente. Quinta-feira, papo agradável com a Lis e o Che no posto, planos de ir pra Palmeiras furados. Eu bebendo coca-cola, papo vai, papo vem. Risadas! Pula uma parte... Não devo dizer da parte desagradável dessa hora, do ser de língua grande que apareceu mostrando mais uma vez o quanto que é confiável... Pulei... Chega o Neno, nosso amigo cantor. Vamos à cachaçaria? Sim! Aline, minha prima, por lá com amigos, bem vestida, animada... Mais uma, duas, três mesas com algumas pessoas, o resto: grilos que cricrilavam... Lislaine na cachaçaria? Pois é... Vou arrastar minha guria preferida um dia pra dançar na Lex Luthor, e mostrar pra ela que pode continuar sendo quem é, mesmo que o mundo conspire pra que mude, para que se adapte, vai resistir e manter sua personalidade original e autêntica... Mas ela ficou na mesa da Aline essa noite, engatou um papo longo lá com o pessoal... Na mesa ao lado, Neno, Che e eu. Cerveja, cerveja, cigarros. Falamos de tudo. A cerveja não me deixa lembrar de tudo que conversamos. Ah, agora eu lembrei... Mas não convém dizer também, coisas bobas, escatológicas, que se conversa em bar quando a cerveja bate. O melhor de tudo é o quanto que as pessoas nessa situação se soltam de preconceitos, de vícios de personalidade, e conseguem ser quem são, dizer o que pensam de verdade, sem bloqueios. Essa energia que toma conta das pessoas em mesas de bar, de botequim, sempre rende momentos inesquecíveis. No final, sem poder faltar esse assunto que está sempre presente, o amor. Fala daqui, fala dali... Eu sou ótimo pra falar disso depois de algumas cervejas, sou o cúmulo da sinceridade e da solidão. O Che, como sempre, se abre, se mostra carente também, tanto quanto eu. E nós dois acabamos revoltados com o mundo, com a ordem das coisas, depois, fazemos votos um pro outro, de que tudo dê certo, que tudo se ajeite, "ah, você merece ser feliz e vai ser... eu também vou...". Esse roteiro eu já conheço, tanto que sabia que a conversa iria continuar depois na mesma noite no msn, e tudo que seria dito, e como me sentiria depois. Não conhecia o Neno, não daquele jeito. Deu o mais surpreendente relato da noite, depois de uma severa crítica minha, deu motivos muito contundentes pra ver as coisas da forma que vê. Rolou um clima tenso. Sim, eu sou uma torneirinha de verdades, principalmente quando bebo. Não acho isso ruim, mas às vezes as pessoas não entendem, levam como ofensa, como crítica negativa. e o clima pesa. Bom, tenho que deixar claro que também sei ouvir, qualquer coisa. Sei falar, mas aguento ouvir. Fim da noite, depois da tentativa frustrada de comer lanche.

Sexta-feira, feriado da Revolução Constitucionalista, acordo sozinho em casa. Um silêncio mortal e eu tive a coragem de acordar às 11 da manhã. Meu objetivo de ser o melhor amigo do edredon começava a ir por água abaixo. Ah, legal! Sem almoço em casa, sem panelinha preparada no fogão, ou seja, almoço na casa da minha tia. Minha mãe ficou por lá o dia todo, preparando quitutes pra festa julina que ia rolar a noite, meu pai e Giovana estavam envolvidos na decoração. Tarde sem muita emoção, sem dormir também. A noite, Lis, Che e Alan vieram até em casa, para irmos juntos a festa na casa da minha tia. Tínhamos que ir a caráter, mas não deu muito certo. Improvisamos um visual com minhas camisas listradas, como se pode ver na foto. Alan apareceu de cabelo novo, com luzes, todo espetado. Sim, estranhei no início, mas depois acostumei. O Che não perdoa mesmo, sabe como irritar o Alan melhor que ninguém nessas horas. Na festa, minha família, meus amigos, amigos da família... Quentão, chá, chocolate quente, salgadinhos, queijos, arroz doce, chocolate quente, uma farra! O Jader, namorado da minha prima, que toca profissionalmente numa banda, levou a sanfona para animar a noite. Dancei com a Lis, com a Aline. Tiramos fotos, rimos, combinamos nossa viagem pra Argentina. Che e eu combinamos viagens com nossos amigos desde que nos conhecemos. Já planejamos passar o reveillón no Rio, um final de semana em São Paulo, Natal em Nova York, no Egito, um domingo em Campos do Jordão, uma ida ao Japão também, mas nunca saiu do pensamento. O Alan e eu, como sempre, nos bicamos a noite inteira. Hoje eu nem ligo mais. Talvez isso aconteça pelo fato de sermos do mesmo signo, temos sonhos e metas parecidos, e reagimos igualmente às situações. Subimos para a praça meio deserta, quase não tinha ninguém. Alan se despediu. Lis, Che e eu fomos para o Mancha. Tomamos cerveja por lá, o Che e eu, a Lis não bebe. Leandro estava lá também, mas conversou pouco com a gente. Nós três estamos bem próximos ultimamente. Passamos o dia todo na biblioteca, nos encontramos e saímos juntos também, compartilhamos de alguns pensamentos. Depois de um abraço a três na porta do Mancha, puxado pelo Che, a conversa começou. Falamos de muita coisa. Coube a mim cantar um pedaço da letra de "Quase um segundo", do Cazuza. Não lembro porquê, mas foi conveniente, talvez prefira não lembrar, sei lá. Caminhamos até a casa da Lis. No caminho, paramos para ver a iluminação da biblioteca, e para discutir teses de como a luz atravessando os vidros das janelas deixa o ambiente com um toque sombrio a noite. Piadas rolaram também, é claro, sobre possíveis pessoas que poderíamos encontrar lá dentro, assombrando o prédio. Já na frente da casa da Lis, sentamos e a conversa continuou, dessa vez o tema foi religião. Um dia, coloco aqui tudo que conversamos sempre sobre isso, hoje não, senão o post ficará enorme. Susto básico de repente, com o irmão da Lis chegando e abrindo o portão eletrônico, depois fomos embora. Tinha sugerido pro Che de cortarmos caminho, por uma estrada de terra, que fica um breu a noite, mas falei zuando. Ele topou! Passamos por uma ponte sobre o rio, e fomos, sem enxergar nada. A lua não ajudava muito. Meu nariz congelava e já dava sinais de que, no dia seguinte, ia ter problemas com as "ites". Fomos conversando. O Che é meu grande irmão que não tive. Quando não estamos discutindo por algum motivo, nos damos muito bem, falamos a mesma língua. Ele me entende como ninguém, me respeita, e isso é recíproco. Já quebramos tantos galhos um do outro, especialmente ele, que junto com o Alan, fez minha volta pra Tambaú ser muito menos dolorosa do que seria, se estivesse sozinho. Por isso, eu devo dizer que essa caminhada até minha casa, com meu amigo, foi o melhor do final de semana, o quanto que conversamos, que rimos. Conversamos sério também. Tentamos nos ajudar sempre, e eu me preocupo muito com o Che, com a forma revoltada e amarga que vê certas coisas. Tenho medo que um dia ele endureça demais, sem volta, eu sei o que é isso. A vida é boa quando a gente tenta extrair dela o máximo de momentos bons possíveis, por mais que tudo pareça infinitamente difícil. Ele tinha deixado a moto dele em casa. Nos despedimos e a noite acabou, sem melancolia dessa vez, às 4 da manhã.

Sábado de manhã, faxina em casa. Dia do encontro quinzenal das matracas da minha casa heheh. Mulheres quando se juntam, sai de baixo. Tem que ter disposição e bom humor nessa hora. Entrevista na rádio Tambaú de manhã, Paulo, o Che e eu, para divulgação da peça. Depois, almoço. Ensaio a tarde, muito calor, algumas piadinhas pra descontrair. A noite, em casa, um sono terrível. 8 e meia da noite, meus amigos todos se arrumando pra sair, a cidade inteira se arrumando e eu caindo de sono. Dormi. 9 e 20 estava de pé, fui encontrar os meninos. Bom, dessa noite, vale dizer do show do SAMBÔ na Lex Luthor que foi ótimo, um dos melhores que já assisti lá. Contagiante! Ah, e a companhia também estava boa, Che, Cesinha, Alan, Leandro (finalmente ele foi, #medo do teto cair), William, Jardão... O que matou a noite? O spray de pimenta no final que obrigou todo mundo a sair, e a discussão que rolou na fila, antes de entrar, entre nós e algumas gurias desconhecidas que estavam na nossa frente. Mas isso deixa pra lá. Muito vinho e cerveja, a velha impulsividade de sempre, e a língua que não cabe dentro da boca...

Domingo foi bom! Sem chance de dar algo errado, saímos, conversamos, bebemos novamente nosso vinho camarada. No Mancha, tocou Cazuza, Elis, Legião, Raul...

Ouvi falar de liberdade nos últimos dias; que se liberta de um relacionamento para se buscar liberdade... O relacionamento que anula o direito do indivíduo de ir e vir, que bloqueia, que poda, realmente não é bom. Mas há de se saber, que não existe harmonia num relacionamento onde não há respeito. E quando há respeito, inevitavelmente isso implica na perda de liberdade, naquela liberdade que deixa a gente fazer o que bem entender, sem pensar em ninguém, sem dar satisfação. Mas essa liberdade, a gente não precisa quando se ama.


Waka Waka he he

Domingo, dia sem muito pra fazer, a não ser lamentar as porcarias que a televisão brasileira tenta enfiar na nossa goela, como por exemplo, o novo produto que permite que as mulheres façam xixi de pé. Ah, e tem também o concurso de Boy Band no Programa do Gugu, que está apostando pra ver qual dos candidatos vai deixar as fraldas primeiro, ou crescer mais uns 30 cm de altura. Estou de pé desde às 9 da manhã. Acordei assustado. É a terceira vez em pouquíssimo tempo que sonho com assaltos. Que droga! Aqui na sala de casa faz um frio terrível, estou debaixo do edredon. São 5 da tarde agora e ok, eu confesso, estou com humor péssimo. Mas estou bem, acreditem. É só mais uma daquelas encanações que surgem no final de semana meio ocioso, quando você pára pra lembrar de como foi sua semana, tudo que você viu e ouviu, e acaba achando pêlo em ovo. Na verdade, não é pêlo em ovo nada, a situação e a conclusão dela é bem real. O que me deixa mais puto da vida é que sei como as coisas funcionam há algum tempo já, mas antes eu lamentava, achava que ia ser difícil resolvê-la, hoje estou com raiva mesmo, sem nenhuma compaixão. O fato é que ela deve ser resolvida logo, antes que eu realmente tenha que vir aqui fazer um post melancólico e emo. Coisas do coração, coisas que acontecem quando você percebe que ser bom, bancar o bom samaritano, não é mesmo a melhor forma de se portar, principalmente em relações que você tenha 80% de chance de quebrar a cara.

Bom, mas fora isso, não posso reclamar dos meus últimos dias não. Foram dias tensos, dramáticos, porém inesquecíveis. Quinta-feira, funcionei a 1000 por hora, desde às 7 da manhã. Acordar, café-da-manhã, dia de arrumação na biblioteca, almoço, mais biblioteca. Saí de lá, voei pra casa, tomei banho, jantei e corri para a Lex Luthor, onde havia o ensaio do Festival de Modas. Não me lembro se já comentei isso por aqui, mas o Sebastião Ruiz, modelo profissional aqui da minha cidade, promoveu um curso para modelos, onde dei aulas de expressão corporal para os alunos. E para encerrar o curso, ocorreu um Festival de Moda na Lex Luthor, casa de shows badalada aqui em Tambaú. O Paulo e eu ajudamos no evento, através da Associação Cultural Quintal das Artes. Alguns alunos nossos do grupo de teatro, participaram também do curso de modelos. Enfim, na quarta-feira, soube que o evento precisava de um apresentador e recebi o convite para tal, mas recusei. Recusei por achar mesmo que não tinha preparo nenhum pra isso, que não saberia como agir. Na quinta-feira, tomando conhecimento do roteiro e sabendo que ainda não haviam encontrado alguém, me ofereci para ser o apresentador, porém, não me confirmaram nada. Depois do ensaio na Lex, fomos o Paulo e eu, para a SAT, onde a galerinha da Quintal nos esperava para a aula. Exercícios corporais, envolvendo o novo musical "Casa de Brinquedos" e depois leitura do texto do outro espetáculo "Somos todos do jardim da infância", estrearemos as duas no final do ano. Logo em seguida, já quando o relógio marcara quase 10 da noite, lá fomos nós para outro ensaio. Dessa vez, da peça "Sexo dos Anjos", que estreia dia 16 de julho na abertura da 47º Semana Universitária Tambauense. Ensaio satisfatório, e com muita expectativa pela estreia. Saí de lá tão cansado, tão cansado, que só quis saber da minha cama, que me acolheu direitinho quando cheguei em casa.

Sexta-feira! Despertar difícil, sem muito ânimo, porém ansioso com o jogo do Brasil contra a Holanda. No café-da-manhã, stress. Meu pai estava atacado, e acabamos discutindo. Às vezes acontece, temos o gênio muito difícil. São 3 arianos na mesma casa, ainda que brigamos pouco, e geralmente, é rápido, sem ofensas graves. Essa, por exemplo, foi por causa da chave do portão que não estava no portão, na hora de colocar o lixo na rua. E outra: meu pai está meio doente, gripado, e quando qualquer um de nós em casa fica doente, o dia vira mesmo uma dramática novela mexicana. Bobagem! Mas eu sou carne de pescoço, sabe como é, saí com um bico gigante, recusei carona e fui a pé para o trabalho. Fico com os nervos a flor da pele, e minha cabeça colabora pra tudo ficar pior, pois coisas absurdas passam pela minha cabeça. O fato é que, quando acontece isso em casa de manhã, a tarde os três já estão se falando normalmente, como se nada tivesse acontecido, sei como é. Na biblioteca, ansiedade para o jogo do Brasil. No rosto dos sócios que apareceram por lá, também existia uma feição de pura expectativa. Saímos às 10 e meia. Che foi para minha casa comigo, temendo que o clima estivesse ruim por causa da breve discussão do café-da-manhã. Que nada! Dito e feito, meu pai já estava de boa, como imaginei. Vejo nessas horas como sou parecido com ele, mas acho que consigo ter um gênio pior, sou mais difícil. Hora do jogo! Vizinhança, tios, priminha com vuvuzela, mãe, pai, Che e Alan, que chegou um pouco atrasado. Jogo bonito no primeiro tempo, Brasil meteu o primeiro gol, logo depois, de um belo passe de Robinho, que estava impedido. Almoço no intervalo! Lasanha, coxas de frango assadas... Segundo tempo! Empate da Holanda! Brasil jogando meio estranho... Holanda faz 2 a 1! Felipe Melo expulso! Brasil se prejudica... Reza, reza, reza, reza... Quase chora! Acaba! Brasil está fora, vai voltar pra casa... Um momento em silêncio pra ouvir o goleiro Julio Cesar... Lamentos, lamentos... Volta ao trabalho! Nem há muito o que comentar sobre essas horas porque todo brasileiro que estava ligado na Copa, e torcendo para o Brasil, sentiu o mesmo. Um silêncio estranho pairou sobre Tambaú. Não se ouvia muita coisa. Às 4 da tarde, veio a confirmação de que era eu mesmo que seria o apresentador do Festival de Moda. Nessa hora, a tarde ganhou uma outra cor. Um misto de ânimo e desespero! Depois de dormir um pouco, jantar, tomar um banho e escolher a roupa certa, fui para a Lex Luthor.

Encontrei o Paulo que me deu umas instruções. Joice e Che apareceram por lá também. Consegui ingressos para eles. Saía pra fumar e o frio estava de congelar pinguim, e a fila só aumentava. Era gente que não acabava mais. As cadeiras já tinham acabado há muito tempo. Começou o evento. Com microfone na mão suada, pernas bambas, visão comprometida pelo grande aparato de iluminação, fiz a primeira apresentação. Li o texto, alguns agradecimentos. Da platéia, eu via pouquíssima coisa, mas o silêncio e os gritos na hora certa do texto, era sinal de que tudo corria bem. Vieram então, a apresentação dos grupos de capoeira, o número de dança incrível de Sílvia e Elaine Castro, o desfile da terceira idade do pessoal do SOS aqui de Tambaú, a apresentação do Paulo Ribeiro, nosso amigo ator da Associação Cultural, que esteve recepcionando o público como Estátua Viva, e finalmente a entrada dos formandos da Seletiva. Lislaine participou do curso e também desfilou, linda, com os cabelos soltos e um belíssimo vestido estampado, me remeteu a deusa Maria Bethânia. Os alunos foram avaliados por profissionais de agências, que estava numa banca ao lado da passarela. Enfim, tudo correu perfeitamente bem. Estiveram presentes também modelos profissionais de São Paulo, Mariana Felicio e Daniel Saúlo, do BBB, Ricardo Siciliano, ator da "Malhação", e Carla Bumba. Foi uma ótima experiência para mim, que me renderam muitos elogios. Quem me conhece há muito tempo, quem acompanhou minha adolescência, sabe que, hoje, depois de ter sido tão julgado e, às vezes, hostilizado por algumas pessoas de Tambaú, conquistei o respeito das pessoas pelo meu trabalho, como ator e professor, e minha conduta. Para relaxar, baladinha depois até às duas da manhã com o Che e a Joice. Depois de uma paradinha estratégica no frio cortante para comer um lanche, casa e cama.

Sábado de manhã, de pé logo cedo, deixei minha mãe a par de como havia sido a noite anterior. Depois, caminhada para a casa do Che, onde fui assistir o jogo da Argentina contra a Alemanha. Não preciso comentar muita coisa, não? Pelo Che, estava torcendo pelos hermanos, uma vez que o Brasil já tinha caído fora. Mas não deu, por mais torcida que houvesse. Mick Jagger estava lá, não havia mais o que fazer (não resisti!!! hehhe). Bom, depois do jogo e diante do bolo que levamos do Alan e da Joice, almoçamos juntos, o Che, dona Isabel, mãe dele, e a Milena, a irmã pentelha do Che, e eu. Aliás, dona Isabel está acostumando mal a nós todos. Arroz, feijão, pizza, almôndegas, enfim, cardápio de rei em pleno sábado hehe. Valeu dona Isabel! Bom, sobre a Argentina, tenho que dizer, depois de saber que os brasileiros foram achincalhados na sexta-feira depois da nossa derrota em mensagens dos hermanos no twitter, que 4 a 0 foi muito bem feito! Gols irregulares e beijinhos do técnico Maradona, não asseguraram os hermanos na Copa dessa vez. Hasta luego! Ah, e Maradona é um homem de palavra que, mesmo sem ter ganho, tirou a roupa para deleite da torcida hermana... Chegando em casa, encontro meu pai, sorrindo, cheio de orgulho, feliz da vida, porque ouviu, no trabalho, maravilhas sobre mim por causa da apresentação da noite anterior. É, esse é meu pai...

Sábado a noite, saí com a galera. Praça vazia, mas a nossa galera toda lá. Che, Leandro, Lislaine, Éder, Maikinho, Cesinha, Elton, William, Jardão e eu. Vinho e imaginação pra suportar o frio e o desânimo. Conversamos sobre as porcarias que comíamos quando crianças, e os brinquedos que participaram das nossas brincadeiras na infância. Se lembrasse de tudo, postaria aqui, pois dei muita risada dos momentos que recordamos. Como fomos felizes...
Domingo em casa. Almoço improvisado, e recusa de churrasco em familia. Cansado, meio mal humorado. A tarde, Alan me ligou. Estava mal porque uma amiga dele havia falecido. Fui ao encontro dele, conversamos.

Estou lendo "Anos Rebeldes", a versão romanceada da minissérie de Gilberto Braga. Redescobri como é gostoso deitar na cama em silêncio e viajar nas páginas de um livro, antes de dormir. Há tempos que não fazia isso. Tenho ouvido muita música antiga, muita mpb, muito Cazuza e Barão, aliás, dia 7 fazem 20 anos que o Caju nos deixou, mas falarei disso ainda essa semana. Talvez seja a música do Cazuza que me faz ficar revoltado com certas situações que vivo, meus amores desencontrados. Bom, indo daqui a pouco pra mais uma noite com os amigos. Mais uma noite que eu sei que vai ser igual as outras, igual a ontem, mas que, tirando aquilo que hoje eu digo que é injusto, eu adoro. Amanhã, recomeça tudo outra vez.