



Num sábado animado como há muito tempo não acontecia, levantei tarde pra caramba, atualizei meu blog e saí. Passei na loja, comprei meu ingresso para o baile havaiano e fui pra SAT, para mais um ensaio da peça. Ensaiamos exaustivamente as coreografias e depois, a peça toda. Saímos de lá quase 7 da noite. Che me ligou e ficou tudo certo para irmos ao baile a noite, o último que ele iria antes da cirurgia que terá que fazer. Foi então que ouvi Neto perguntando para os meninos se eles iriam na cachaçaria naquela noite. Acabei descobrindo que a banda Over Rock, que faz um rock’n roll da hora, iria tocar na cachaçaria a noite. Cheguei em casa e liguei para o Che, que topou tentar vender os ingressos do baile na porta do clube, e trocar de balada. Mais a noite, estava na avenida no centro da cidade, quando Che e Cesinha passaram de John Móvel e me deram uma carona. Paramos na praça, onde encontramos Maikinho, Elton e os outros meninos. Eram 10 e meia da noite e nada tinha ficado decidido sobre qual seria a balada da noite. Che e eu queríamos ver o Over Rock. Maikinho queria ir no baile. Cesinha queria ir ver o Over Rock, mas não queria deixar Maikinho sozinho no baile. Parei de falar no assunto e me conformei em ir ao baile havaiano mesmo. O mais importante para mim era estar entre amigos naquela noite que já era, de certa forma, especial.
O baile começou animado. Logo que entramos, fomos ao bar. Não bebemos nosso vinho habitual naquela noite e estávamos todos secos. Comprei a promoção de cerveja, que me rendeu 4 fichas. Dei 2 para o Che, que sabia estar meio sem grana esse mês por causa dos gastos com o John Móvel. Eu não estava muito bem para beber e Che tinha dito que não beberia muito, já que estava dirigindo. Cesinha e Maikinho estavam afim de enfiar mesmo o pé na jaca. Logo Leandro se juntou a nós. O show não havia começado e, por isso, fomos para a pista. O clube estava lotado de gente e fazia um certo frio lá fora.
Estava fazendo um grande esforço para me divertir, porque queria mesmo era estar no Over Rock. A essa altura, o show da banda Opus já tinha começado ao lado da piscina. Cesinha, Maikinho e Leandro tomaram vodka de frutas vermelhas e estavam visivelmente alterados. Quando eles ficam assim, perdem o pudor e aí já viu, ficam correndo atrás de rabo-de-saia, como tontas aleluias batendo a cabeça na lâmpada, andando pela balada de um lado pro outro. Minha cerveja acabou e chamei o Che para irmos ao bar. Comprei 4 fichas de cerveja e estava pensando em dar mais 2 pra ele, mas ele acabou comprando também uma dose de vodka. Na hora, deixei bem claro minha desaprovação. Não é por nada, mas ele era o único que estava dirigindo. Os outros todos não tinham esse compromisso naquela noite. Che entendeu o que estava dizendo e disse que a vodka não estava forte. O fato é que os outros 3 estavam bem bêbados com a mistura vodka e cerveja, e ali, o baile pra mim já tinha terminado. Quis ficar longe, disse pro Che que queria ficar sozinho e fiquei, um bom tempo, perto da academia, bebendo cerveja e fumando, fumando e bebendo cerveja. Depois, o encontrei e avisei que ia embora. Ele quis saber o porquê, Inventei uma desculpa qualquer, disse que não iria me despedir dos meninos para não ter que explicar nada. Che quis me acompanhar até lá fora, mas se ele saísse, não poderia mais entrar, então não deixei que fizesse isso.
No caminho, fui chutando lata. Peguei o colar havaiano de papel que entregaram na porta do baile e amassei bem forte na mão, depois joguei por aí. Na mesma rua do clube, na frente de um outro baile que acontecia mais acima, vi outro personagem desse blog que arrumou muita confusão e está meio sumido. Fiz com que não percebesse que algo havia acontecido e passei numa boa. Acho que não percebeu.
Essas noites causam uma ressaca terrível no dia seguinte, maior do que se tivesse bebido uma garrafa de vodka sozinho. Acordei com a história na cabeça e tentando entender o que tinha acontecido. Tinha vários motivos pra me irritar, pra ficar mal, mas nenhum se comparava com o que viria depois. Meus pais tinham ido para o sítio de alguns amigos. Estava só em casa. Minha mãe deixou uma pizza na geladeira para que eu assasse. Era melhor mesmo ter a casa vazia, assim não teria que explicar nada sobre minha cara horrível. Entrei no msn. Logo Che apareceu. Nos dias em que brigamos, sinto muita vontade de falar com ele depois, me acertar, dizer "ah, vamos deixar disso, você é meu chapa!", mas eu sou orgulhoso, e ele também, apesar de ser quem sempre vem puxar papo. Ele puxou papo naquela tarde, queria saber se estava tudo bem, se eu estava puto com ele, com alguma coisa. Eu disse que não, que estava tudo certo, e que nos falaríamos na terça-feira. Foi o que bastou para que uma longa e triste conversa começasse. Foi a maior e mais triste de todas. Dessa vez, nem eu previa o resultado dela. Não fomos estúpidos, não xingamos. O tom da conversa foi sóbrio, de certa forma, mas lentamente, o papo foi desenterrando um monte de histórias, de problemas que, se não foram resolvidos, estavam mortos e enterrados. Não tão mortos assim. Esses fantasmas voltaram naquela tarde pra assombrar e causaram um estrago terrível. Foram meses tentando lutar contra esses fantasmas, foi uma luta difícil, que envolvia muita gente e muitos detalhes. E agora, tudo estava sob a mesa, exposto, pronto pra levar a primeira mordida de quem quisesse se deliciar. Eu quebrei, rachei. Eu não tinha interesse nenhum de que isso acontecesse, até porque iria contra minha própria verdade sobre tudo. Mas aconteceu e a verdade era outra, mais dolorosa e cruel, e não aguentaria mesmo ficar sufocada mais tempo.
Che e eu nos falamos de novo a noite. Conversamos e ficou tudo bem. Ele não quis sair naquela noite, e eu não saí também. No dia seguinte, de manhã, comecei a me sentir mal. Estava com muita dor no corpo. A tarde, fui para o ensaio da peça na SAT. Foi o dia em que o Paulo levou a vitrola que irá compor o cenário. No ensaio, eu fiquei bem, não estava com dor, nem nada. Quando cheguei em casa, liguei para o Che. A essa altura, já estava com febre de novo. Pensei até em sair, mas daquele jeito não dava. Naquela noite, eu rolei na cama a madrugada inteira. De manhã, meus pais me levaram ao Pronto Socorro. O hemograma indicou que era uma infecção na garganta. Foi uma semana tomando antibiótico e mais 2 remédios por dia. Hoje, eu estou bem. Não tenho mais febre, nem dor no corpo. A garganta arranha um pouco ainda, mas é suportável. Por dentro, eu estou quebrado. Sabe aquela sensação de que você não tem mais controle de nada e entao você se sente anestesiado? Eu cansei, cansei mesmo, de tudo isso. E agora eu não tenho forças pra reagir. Me sinto vencido. Desde aquele domingo, eu nunca mais fui o mesmo. O que pensava ser bonito e cheio de glória em minha vida, virou um quadro negro, impossível de decifrar, e que apagou principalmente quem eu era e quem eu tentava ser. É, ninguém pode fugir da vida não, tentar tapar o sol com a peneira. Mais cedo ou mais tarde, a verdade volta e ainda mais violenta. Antes, eu sabia lidar com tudo, ter controle, o que não estou conseguindo agora. Mas tudo vai ficar bem, na hora certa.
A década de 60 representou, no início, a realização de projetos culturais e ideológicos alternativos lançados na década de 50. Os anos 50 foram marcados por uma crise no moralismo rígido da sociedade, expressão remanescente do Sonho Americano que não conseguia mais empolgar a juventude do planeta. A segunda metade dos anos 50 já prenunciava os anos 60: a literatura beat de Jack Kerouac, o rock de garagem à margem dos grandes astros do rock (e que resultaria na surf music) e os movimentos de cinema e de teatro de vanguarda, inclusive no Brasil.
Podemos dizer que a década de 60, seguramente, não foi uma, foram duas décadas. A primeira, de 1960 a 1965, marcada por um sabor de inocência e até de lirismo nas manifestações sócio-culturais, e no âmbito da política, é evidente o idealismo e o entusiasmo no espírito de luta do povo. A segunda, de 1966 a 1968 (porque 1969 já apresenta o estado de espírito que definiria os anos 70), em um tom mais ácido, revela as experiências com drogas, a perda da inocência, a revolução sexual e os protestos juvenis contra a ameaça de endurecimento dos governos. É ilustrativo que os Beatles, banda que existiu durante toda a década de 60, tenha trocado as doces melodias de seus primeiros discos pela excentricidade psicodélica, incluindo orquestras, letras surreais e guitarras distorcidas. "I want to hold your hand" é o espírito da primeira metade dos anos 60. "A day in the life", o espírito da segunda metade.
Nesta época teve início uma grande revolução comportamental como o surgimento do feminismo e os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais. O Papa João XXIII abre o Concílio Vaticano II e revoluciona a Igreja Católica. Surgem movimentos de comportamento como os hippies, com seus protestos contrários à Guerra Fria e à Guerra do Vietnã, e o racionalismo. Esse movimento foi também chamado de contracultura. Ocorre também a Revolução Cubana na América Latina,
Em 1960, é inaugurada a cidade de Brasília, nova capital do país, pelo presidente Juscelino Kubitschek. Jânio Quadros sucede Juscelino e renuncia cerca de sete meses depois, sendo substituído pelo então vice-presidente João Goulart. Sob o pretexto das supostas tendências comunistas de Jango, ocorre o golpe militar de 1964, que depõe Goulart e institui uma ditadura militar que duraria 21 anos. No final da década, tem início o período conhecido como "Milagre Brasileiro". O Brasil torna-se bicampeão mundial de futebol, durante a Copa do Mundo FIFA de 1962, no Chile.
Tem início o uso da informática para fins comerciais, embora ainda não de forma massificada.
Em 1964 a IBM lança o circuito integrado, ou chip
Surge a Arpanet, que se tornaria o embrião da Internet
Os soviéticos enviam o primeiro homem ao espaço (Iuri Gagárin) em 1961.
Neil Armstrong é o primeiro homem a pisar na Lua, um americano em 1969.
Os soviéticos enviam um robô para a Lua (1966).
Também em 1969, uma sonda dos EUA alcançou Marte e, meses depois, a URSS descia um robô em Vênus.
Os Beatles comandam a Invasão Britânica, ou British Invasion, no rock, seguidos por The Rolling Stones, The Who, The Animals e vários outros.
Surge a música de protesto, com Bob Dylan, Joan Baez, Peter, Paul and Mary, entre outros, já nos primeiros anos da década.
O Rock and Roll ganha crescente popularidade no mundo, associando-se o final da década à rebeldia política.
Na música erudita, começa a se desenvolver o minimalismo, a partir das obras de Philip Glass.
Em 1963 surge o Clube da Esquina, importante conjunto musical mineiro, com Milton Nascimento e os irmãos Borges.
Chega aos cinemas em 1964 o primeiro filme dos Beatles, A Hard Day's Night. No Brasil recebeu o nome Os Reis do Iê, Iê, Iê.
Em 1965 Elis Regina interpreta Arrastão, de Vinícius de Moraes e Edu Lobo, e com isso surge a MPB, ou Música Popular Brasileira, no Festival de Música Popular Brasileira da TV Record.
O programa Jovem Guarda estréia em 1965, apresentado por Roberto Carlos, Erasmo Carlos e Wanderléa. O programa de tevê acaba gerando o movimento com o mesmo nome, onde os jovens tiveram pela primeira vez um espaço, lhes permitindo uma identidade própria, pois foi a primeira vez que se era dedicada aos adolescentes uma parte do cenário cultural.
Em 1966, Chico Buarque se revela ao público brasileiro com a canção, "A Banda", interpretada por Nara Leão, durante o Festival de Música Popular Brasileira, transmitido pela TV Record (a canção empata em primeiro lugar com "Disparada" de Geraldo Vandré).
Surge o Movimento Tropicália, em 1967. Com Caetano Veloso e Gilberto Gil, além de Os mutantes, Tom Zé e Torquato Neto.
Em 1967 os Beatles lançam aquele que é considerado o melhor álbum da história: Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. O álbum se tornou um dos discos mais vendidos da história e tido como o mais influente.
Ainda em 1967, surge o primeiro festival de rock Monterey Pop Festival, ou Festival Pop de Monterey, na California. Organizado por Lou Adler, John Phillips (The Mamas & The Papas) e Derek Taylor o festival foi a estréia de The Jimi Hendrix Experience, com Jimi Hendrix; Big Brother and the Holding Company, com Janis Joplin e Otis Redding.
Em 1969 ocorre o Festival de Woodstock, nos EUA, com apresentações ao vivo de Jimi Hendrix, Creedence Clearwater Revival, The Who, Sly and Family Stone, Carlos Santana, entre outros lendários do rock clássico.
Começam as transmissões de TV em cores no mundo.
1965-A TV brasileira começa a utilizar a tecnologia do vídeo-tape, que permitiu a edição de programas televisivos, reduzindo o risco de erros, comuns nas exibições ao vivo.
1965-Inaugurada a Rede Globo, no Brasil.
A televisão passa a se tornar meio de comunicação em massa.
1967-1968 tornam-se os anos do auge dos festivais da canção, no Brasil, que eram uma forma alternativa de expressão político-ideológica da juventude, diante da repressão da ditadura militar.
A TV Record lança o programa musical, "Jovem Guarda" (1965-1968), apresentado por Roberto Carlos, com Erasmo Carlos e Wanderléia.
Em 1962 surge o melhor filme da década "What Ever Hapenned to Baby Jane?" com Bette Davis e Joan Crowford.
É filmado A Bout de Souffle (Acossado, título no Brasil), de Jean-Luc Godard, trazendo a bela Jean Seberg, atriz que se tornaria ícone de beleza da década.
O clássico La Dolce Vita (no Brasil A Doce Vida), de Federico Fellini, com Anouk Aimée, Anita Ekberg e Marcello Mastroianni.
O diretor Stanley Kubrick lança Dr. Strangelove (Doutor Fantástico), uma das maiores e mais duras críticas satíricas à Guerra Fria.
Brigitte Bardot reina absoluta como o maior símbolo sexual da década.
A atriz Audrey Hepburn estrela Breakfast at Tiffany's (no Brasil Bonequinha de Luxo). O figurino de Hepburn para o filme é do estilista francês Givenchy.
O filme brasileiro O Pagador de Promessas, adaptação do produtor, diretor e ator brasileiro Anselmo Duarte da peça homônima de Dias Gomes, recebe a Palma de Ouro do Festival Internacional do Filme de Cannes, na França. É a primeira vez que um filme brasileiro ganha o prêmio máximo do festival.
Surge a série de filmes de James Bond, o espião 007, das novelas de Ian Fleming. O primeiro é Dr. No , no Brasil 007 Contra o Satânico Dr. No, com Sean Connery e a sensual Ursula Andress. No filme, a célebre cena de Andress usando um inesquecível biquíni branco saindo do mar.
Blowup, de Michelangelo Antonioni, com Jane Birkin e Veruska é um filme cheio de referências dos anos 60.
Nesse ano também, ao som de Mrs Robinson, entre outros sucessos de Simon & Garfunkel, Dustin Hoffman vive um jovem universitário recém-formado que se inicia sexualmente com uma mulher mais velha, no clássico The Graduate, A Primeira Noite de um Homem no Brasil, de Mike Nichols.
A atriz Jane Fonda é Barbarella, a sensual heroína espacial do filme de homônimo de Roger Vadim.
Easy Rider (Sem Destino), é um dos filmes mais vigorosos dos anos 60, de Peter Fonda, Dennis Hopper e Terry Southern, estrelando os próprios, Fonda e Hopper, e Jack Nicholson. O filme critica a intolerância e a vulgaridade da sociedade americana.
Os jovens são influenciados pelas idéias de liberdade On The Road, livro do beatnik Jack Kerouac, da chamada geração beat, e começam a se opor à sociedade de consumo vigente.
"Somos Todos do Jardim da Infância" estreia dia 25 de novembro na SAT. Texto de Domingos de Oliveira, produção executiva de Paulo Rogério Rocco e direção de José Ono Junior. Venha viajar no tempo conosco...
“Eu vi lá do alto, a cidadezinha toda iluminada. Estava silenciosa, imóvel e inspirava uma delicadeza que eu nunca tinha reparado antes. O vento cortava suas antenas e telhados. A torre da igreja, aquela da pracinha do final de semana, também se encontrava com o vento. Lá do alto, eu vi as avenidas vazias, sozinhas, tristes, e as casas, escondendo grandes segredos e dores numa grande solidão. Lá do alto, vendo a cidadezinha toda iluminada, eu tentei me encontrar no bucolismo desse cenário. Onde eu estou? Onde eu caibo? Onde cabem minha história, minha vida, meus desejos, sonhos, meus gritos de liberdade? Não, não cabem na cidadezinha, transbordam e escorrem pelas mãos. Eu tenho coração e mente ciganos, de andante. Eles nunca param o movimento assavalador. Tudo é sempre pouco. O novo fica velho bem rápido, a novidade envelhece. Eu tenho coração de andante e o que me consome é o tempo. Olhando a cidadezinha iluminada, lá de cima, eu quis voar pra bem longe, pra um lugar onde não houvesse nenhum pedaço de história minha perdida. E eu ia ficar lá, fincar o pé, espalhar minha arte, amar na contramão. E eu ficaria lá, até que a cidade parecesse me sufocar.”
Alguns dias se passaram desde que voltamos do festival de Varginha, e a história finalmente morreu. Quase não se fala mais nisso, não com aquela seriedade de antes. Hoje tudo é em tom de piada. Hoje é sábado de tempo meio estranho por aqui. Sol entre nuvens, entende-se muitas nuvens, nunca quer dizer nada. Eu me recupero de uma semana corrida, que passou voando e me esmagando. E o fato de que esse é um início de feriado prolongado é uma bênção. Ontem Che e eu saímos. Fomos no evento de encerramento dos Jogos da Primavera 2010, na Lex Luthor. Cheguei por lá um pouco depois das oito, jurando que estava atrasado. Quis matar a Lislaine quando me dei conta de que o evento ia começar uma hora depois. E a Lis nem apareceu, estava cansada. Ela está cheia de compromissos nos últimos dias. Prestou o ENEM na semana passada, está ensaiando para o Festival de Dança que irá participar no dia 11 de dezembro, e tem o vestibular que se aproxima também. Quase não a vimos nos últimos dias. Na biblioteca, ela apareceu só umas 2 vezes nessa semana. Bom, Che apareceu e fomos para o posto. Depois, voltamos para a Lex. Tenho sentido muita vontade de estar perto do Che nos últimos dias. No próximo mês, ele vai enfrentar uma cirurgia complicada no joelho e ficará de molho durante a recuperação. Ele não fala, mas sei que está preocupado, principalmente por ter que ficar em casa, sem poder sair durante algumas semanas. Nós amigos temos que apoiá-lo de alguma forma nesse momento. Nem estava afim de ir no baile hawaiano de hoje a noite, num clube aqui da cidade, mas como será o último antes da cirurgia dele, resolvi ir.
Ontem na Lex, quem foi coroada Rainha dos Jogos da Primavera 2010 foi a Belinha, aluna nossa do teatro, que está no elenco de “Somos Todos do Jardim da Infância”. Ela representou a Bandeira Azul e conseguiu vender mais votos. Em terceiro lugar, ficou a Carol, que também faz uma participação na nossa peça. Ela também ganhou o Troféu de Rainha que teve maior destaque na abertura dos Jogos, e representou a bandeira amarela. Depois das premiações, uma banda de pagode daqui de Tambaú se apresentou no palco da balada. Os caras mandam bem, mas como pagode não é nossa praia, Che e eu fomos embora. A noite ontem foi de vento cortante. Meus olhos lacrimejavam com a terra que entrava neles. Usar lente de contato às vezes é foda. Quando cheguei em casa, com os olhos emaconhados, a chuva não demorou a cair. A noite foi divertida. Che e eu conversamos bastante, principalmente sobre nossa adolescência, como nós eramos “loosers”. Bom, pelo menos não estudamos em escolas americanas, né. Eu disse pra ele que a gente melhorou muito, mas ele discordou. Na Lex ontem só tinha adolescente, e aí vem aquela hora de se sentir meio “tiozinho”. Sou muito novo ainda pra sentir isso hehe.
Che não é o único que vai entrar na faca nos próximos dias. Eu também vou me submeter a uma cirurgia, no mês que vem, não tão complicada como a dele, mas igualmente necessária. Fui numa consulta essa semana, uma consulta constrangedora, com aquele tipo de médico que você nunca quer visitar. Pois bem. Ah, não, não foi com o proctologista, ok? Foi menos pior, mas igualmente chato. Algo como “bota o bicho pra fora...” e “quando ele fica duro, dói?”, não é agradável de se ouvir, principalmente quando se está uma pilha de nervos. No dia seguinte, fiz os exames. Urinar no potinho de manhã é outra coisa chata. A gente nunca sabe a quantidade necessária de xixi. Exame de sangue é perturbador. A enfermeira disse: “eu vou tirar um pouco do dedo e depois da veia, certo?”. “Ah sim, certo”. E continuou: “você está morando aqui agora?”. “Sim, estou, voltei de São…”. Aaaaaaai! O dedo já tinha ido. E ela insistiu: “você está bem, está trabalhando?”. “Sim, estou trabalhando na biblioteca e no te...”. Aaaaaaaaaai! Foi a vez da veia! E foi mais assustador porque ela tirou uma seringa gigante de sangue. Por um momento, achei que tinha entrado na fila da doação. #tenso. Ah, os gritos foram só em pensamento. A única reação foi virar o rosto e fazer a expressão de quem chupa uma laranja azeda.
O ano está mesmo chegando ao fim. Já vi propaganda de Natal na tv, alguns papais-noéis pelas lojas da cidade. Minhas tias já montaram a árvore. Ufa! 2010 está indo embora, e a história desse riacho também está chegando ao fim. Mas ainda falta ver como tudo vai terminar… Eu só sei que não vai terminar como começou. A vida vai passando, nós vamos perdendo e ganhando o tempo todo. E algumas mudanças são inevitáveis. O ser humano tem que sempre esperar alguma coisa acontecer, ou alguém chegar, ou simplesmente ter um motivo externo que o faça querer continuar vivendo, acreditando, com esperança. Depois que consegue, arruma outro querer, depois outro e outro. Nessa semana, eu senti que o que me fazia bem no começo dessa história não é mais o que me mantém de pé. Nem aquilo que me fez perder esse “apoio” imaginário, existe mais. E aí eu fiquei sem nada, caçando novos motivos externos pra continuar acreditando. Quem sou eu pra tentar entender essas coisas sem explicação? A vida vai passando, modificando tudo e a sensação que eu tenho é só a de que tinha que ser assim mesmo. No domingo passado, eu liguei para Limeira e coloquei um ponto final na história que nem tinha começado direito. Não ia dar certo, já estava chato, maçante e insistente, murro em ponta de faca, sabe? Planejei fazer isso a semana toda, criei coragem e fiz. É difícil pra alguém que sempre reclama por estar sozinho tomar uma atitude dessa. Mas a gente tem que se proteger de futuras decepções, principalmente quando elas são evidentes. Depois disso, aquele fogo resistiu mais uns 2 dias, depois apagou de vez. E a história ficou pra trás. Fiquei de coração limpo, e essa falta de amor, me fez ver o porquê que essa breve história aconteceu.
No dia seguinte, um temporal estava chegando em Tambaú. Eu estava na internet, no bate-papo do Facebook. A chuva começou. Vi então que aquela antiga paixão, que se manteve acesa durante 5 anos, e que começou a apagar quando voltei para o interior, abrindo mão da vida em São Paulo, estava on line. Escrevo, ou não escrevo? Escrevo! Não, não escrevo! Ah, vou escrever! “Oi!”. Nessa hora, um trovão ensurdecedor ecoou no céu e pareceu que a luz do dia deu um pique. Desliguei o computador na mesma hora e não vi sequer se a minha mensagem teve resposta. Vai entender a vida… e seus sinais…