Três visões

Eu sempre acreditei na missão que nós todos temos na vida. Nunca achei que a gente veio ao mundo assim, a passeio, como uma consequência da noite prazerosa (ou não) que um dia nossos pais tiveram. Não gostaria de saber também que nasci simplesmente porque a tv estava quebrada naquela noite, ou então porque minha mãe esqueceu de tomar a pílula, ou nem sabia o que era pílula e nem como se fica grávida. Acredito em missão. Todos nascemos com um propósito, com um destino traçado. Se estamos aqui hoje, e vivendo tudo isso, é porque tinha que ser assim mesmo. Minha vida sempre foi de muitas coincidências, algumas que me fizeram o cara mais feliz do mundo, e outras que me fuderam legal, que mudaram toda a rota que era certa, e que me fizeram ver que a minha missão não era a que eu imaginava. Essas coincidências são exatamente o que me fazem pensar que tudo está planejado. Sim, temos o livre arbítrio de fazer nossas próprias merdas, e pagamos por elas, mas nada que fazemos foge do script. Pense na quantidade de pessoas que já passaram por sua vida, algumas delas por uma temporada, um dia, apenas um encontro, e elas surgiram na hora certa, no momento em que precisava delas, e por aqueles instantes, elas modificaram toda sua história pra sempre, e você nunca mais foi o mesmo.
Perdido nessa ideia, eu, que sou um ariano convicto, ariano com A maiúsculo, procuro saber as respostas dos porquês, e tento entender o que significa tudo, o porquê de tudo. É uma forma de enxergar tudo com olhos de passagem, de achar que não vai durar tanto tempo, que tudo vai passar e que lances melhores, e piores, virão.

Os três dias úteis da semana prometiam passar bem rápido. Que nada! Foram grandes, longos, pesados... Quinta-feira a noite, eu joguei a toalha. Já não prestava mais pra nada. Eu olhava as cenas no teatro e meu cérebro não funcionava, não reagia a nada, a nenhum estímulo. Estava vindo de um final de semana atribulado, de puro cansaço mental. Duas baladas quase que seguidas, com um dia de trabalho no meio, e muita conversa, muito blablablá doído, muito reality show pro meu gosto. Tem dia que o que eu mais quero é ser um cara normal, que bebe, que fuma, que joga futebol, que come mulher, que cospe no chão, coça o saco, ouve samba e funk, que rala a semana inteira num emprego desgraçado, que vota na Dilma e tem um fusca. Simples assim! Na terça, feriado de 7 de setembro, a gente arriscou uma aventura. Fomos na casa do Alan. Estava escuro, ele mora nos fundos e não sabíamos se estava em casa. O Che ficou no portão. A Lis e eu, com medo do possível cão que rondava por ali, fomos andando pelo corredor até chegar na casa do Alan. Mas o único sinal do cão que rondava, foi algo viscoso em que pisamos, atolamos, enfim. A cena foi linda. A Lis calçava seu imponente sapatinho de lacinho preto com salto, que se viu gelatinoso por alguns instantes. Fomos lá só pra isso né, pois o Alan não estava em casa. Ele apareceu na praça depois. O Leandro, a gente encontrou no meio do caminho, e fomos todos juntos pra casa do Alan jogar UNO. Já jogamos muito, antigamente era toda noite. Discutimos muito por causa das cartas de compra, e das combinações que fazíamos pra ferrar uns com os outros. Mas dessa vez, o jogo foi tranquilo.

"Sexta-feira, dia 10/09/2010 era uma sexta comum e eu rezando pra que chegasse a noite.. Acordei cedo, fui para a escola. Ao voltar almocei e lá vou eu para a biblioteca .... Encontrei Zé, Che, Fatinha (ela não teve que conta a Historia da dona Baratinha) e Josi.. Atende de lá e atende de cá, da um Berro no Zé, chama a Josi, e o Che não precisou mudar as caixas de lugar. Durante o dia, lá vem o Zé com esse tal de Shinguilingui ou Miauuu.. Final do dia... Combinamos de ir no (Deo)clides, foi Sossegado.. o Eder Apareceu por lá, Fiquei só na coca e os meninos na Cerveja.... Conversa vai e vem .... o Alan chegou depois rir com agente mas logo foi embora.... A mesa terminou com Zé e Che, eu fui mais cedo para casa.." (Lislaine)

"Sexta-feira, dia normal de trabalho na biblioteca, meio cansado, mas feliz por ter chegado o final de semana, não que o final -de- semana seria especial, mas por que eu só pensava em descansar... hehee... isso depois de uma semana mais curta em circunstâncias do feriado de 07 de setembro. No entanto, essa semana começou de verdade na quarta-feira. Trabalhamos só três dias, mas mesmo assim... o final de semana é sagrado!!!
Meus amigos, companheiros de aventuras ( e de trabalho )... hehehe... e eu, passamos o maior tempo possivel juntos, eles são muito especiais e onde eles vão, eu tambem vou..., entao, ainda na biblioteca, começamos a combinar, qual seria a boa da noite. Na nossa cidade, não há muita opção de lazer nos finais de semana, temos a praça, um barzinho aqui, um outro ali... umas baladas aos sabados, afinal, a cidade é pequena!!! Combinamos então de ir num barzinho, meio escondido, mas até que é um espaço legal, muito bom pra beber com os amigos quando se está de boa, hehee... pois então..., lá fomos nós, conversando sobre as coisas da vida, alias, fazemos muito isso...!
Bom... meus amigos, são o Zé e a Lis, duas otimas pessoas, confiabilíssimas, e sem comentários... só há elogios pra eles, com esses dois fui no bar, pedimos umas 3 cervejas, e uma coca, pois a Lis não bebe, conversamos sobre as palhaçadas no horário eleitoral, música, vida etc..., a noite foi curta, ficamos um tempo lá e fomos embora. O pai da Lis veio buscá-la e sobramos o Zé e eu... hehee, acabamos a noite falando sobre o modo com que ele escreve o blog, se é deprimente ou não..., a minha opinião é que existem formas e estados em que se escreve, por exemplo... você pode usar uma linguagem cômica, romanceada, ou então fictíca, e tudo depende tambem do estado de espirito em que se encontra na hora de escrever, mas eu não acho que o blog do Zé seja melancólico!
Assim, terminamos a nossa sexta-feira... e combinamos ainda de tomar uma cervejinha no sábado a tarde, hehee...!!!" (Che)

A noite de sexta-feira chegou. Os três mosqueteiros se reuniram no posto, como sempre, animados com o que o final de semana reservava. Não, nossa vida não se resume só a sexta, sábado e domingo, e nem nos encontramos só nestes dias. Na verdade, estamos juntos todo dia, o dia todo. Fomos no Deoclides, com o Éder e o Alan, que apareceu por lá depois. Passamos antes na praça, onde as barracas que vieram a Tambaú no ano passado, estão de volta. Isso gera um movimento maior por ali. Vendem tapioca, acarajé, e outras comidinhas com coco, e apimentadas, da Bahia. E tem as bugigangas também. Preciso passar por lá e adquirir alguns itens, aliás. Bom, no Deoclides, o mais falante da mesa era eu. Sabe aquela sensação, "ahhh me mandem parar, por favor..."? Então... Os meninos estão desanimados. Sinto principalmente o Che desanimado há alguns finais de semana. Nele, o desânimo fica mais evidente porque ele é o meu companheiro das risadas, piadas, dancinhas e lembranças esdrúxulas. Tenho uma leve ideia do que porquê isso vem acontecendo. Já tentei falar com ele, mas não saiu nada, então, só observo. Falei (amos) de sexo, de maconha, de porre, de música, de política, do avião da TAM que caiu em Congonhas, da torcida do São Paulo quebrando a Paulista inteira... Foi papo pra horas! O Éder era o mais quieto. Ele está com a perna toda enfaixada. É a segunda vez em menos de duas semanas que cai de moto. Dessa vez, foi um pouco mais grave. Imagina eu, quando tirar a carta. Espero que já tenham providenciado os postes de borracha... O final da noite foi uma discussão infundada sobre o quanto que esse riacho aqui é de águas depressivas, ou não. Essa parte, só o Che e eu íamos aguentar mesmo. E fomos nós que ficamos uns 20, 30 minutos, pensando em teorias que expliquem isso aqui tudo.

"Eram 7:30 hrs da manhã, quando o celular despertou , primeiro aviso de que teria de acordar pra fazer a tarefa... mas enfim, virei para o lado e dormi até às 8:30. Xiii... Atrasei, 10:30 hrs era pra eu estar no Inglês.... Fui depois de 1 hora de aula. Breakfast uhuhu.... Vou atacar as bolachas pra enfrentar mais uma hora de aula.... acabou! Hora do almoço! Pensei em ir dormir mas 14 hs o Zé ligou falando que ele e Che iriam estar na praça conversando.. E Lá vou eu só que antes dei uma passada na Loja claro pra ver o preço de um fone de Celular novo.... Na praça encontrei Zé e o Che... Detalhe: Zé estava colocando o chip no celular do Che... Andamos um pouco pelo centro e voltamos para a praça, vimos até uma noiva entrar na igreja. Fiquei até umas 19:00 hrs depois fui pra casa e dormi. Acordei na hora de tomar banho pra sair. " (Lislaine)

"No sábado, acordei umas 10 horas se bem me lembro, não fiz absolutamente nada de manhã, só a tarde que eu tinha combinado de sair com o Zé e a Lis tomar uma cervejinha, ir nas lojas, etc..., combinamos de nos encontrar umas 2 horas da tarde, e lá fomos nós, hehee... nos encontramos na praça, tava um calorzinho, nem tinha muitas pessoas no centro da cidade, ficamos por lá um pouco, depois fomos até a papelaria, ver algumas coisas por lá, passamos depois em uma loja, onde vendem as camisas de rock, e lá nós ficamos mais, escolhendo alguma coisa, são muito legais as roupas... por fim eu comprei uma camisa e o Zé comprou outra. Passamos em uma outra loja, dessa vez para ver se comprariamos as entradas para o Baile Havaiano... estava meio cara, mas mesmo assim compramos... alias, não tinha nada na cidade mesmo...,depois, procuramos um lugar pra comer, e voltamos na praça. Ficamos lá mais um tempo, até escurecer... estava começando um casamento na igreja, ficamos vendo e pensando em músicas propícias pra casamento... hehehe... saiu cada coisa!!!
Fomos embora, ja eram umas 7 e meia da noite, cheguei em casa, tomei um banho e desci de novo, pra encontrar o povo e ir pra balada, ihhhu!!!" (Che)

Sábado a tarde, fomos às compras. Sim, havia uma promessa há tempos de conhecermos a loja de rock que abriu aqui na cidade. e finalmente fomos juntos lá. Eu já usei camiseta de banda, em outra época, quando cheguei em São Paulo. Tinha uma do Lennon, só do rosto dele de óculos, que pegava a frente toda da camiseta. Foi a que usei na primeira balada que fui por lá. Dessa vez, comprei uma do The Doors. O Che, ficou com a do Kiss. A tarde varou o comecinho da noite. Nós dois, e mais a Lis e o Alan, brincando de montinho no banco da praça, infantilóides que não foram convidados para o casamento que rolava na Igreja Santo Antonio, e que até agora a gente não sabe de quem era.

"Chegando na praça, a noite, lá estavam os dois... o Zé e a Lis, em frente ao posto... nos encontramos lá, e descemos, alias, vi tambem o Piri, o Edson que é um amigo meu que faz 1 ano mais ou menos que eu não via. Chegamos na praça, e o Maicoool e o Elton estavam lá... ficamos um pouco lá, tomamos uma garrafa de vinho, e lá fomos nós pra balada cara... só que dessa vez fomos só eu, o Zé e o Maicoool, alias fomos a pé, e é meio longinho o lugar, hehee...
Chegamos lá, entramos, estava o Jardão logo na entrada, hahaha... ele ficou com a gente e lá fomos nós...! Era uma festa de axé, que aliás nao vejo nada em comum com baile hawaiano... o que é que tem a ver??? Mas enfim, eu ja fui em festas muito melhores com preços muito menores, estava frio e o povo tambem não tava muito animado, saiu porrada lá, eu passei mal tambem, ... enfim..., fomos embora!!!" (Che)

"Na rua, várias voltas até encontrar o Zé..... Che apareceu depois. Na Praça encontramos Piri , Elton. . 23:30hs, lá vão Che, Zé e Maicon pro baile. Eu, para a cama ..." (Lislaine)

O sábado foi uma incógnita a semana toda. Combinamos São Paulo, Santa Rita, Santa Rosa, e até Argentina. Nos empolgamos bastante quando estamos com dinheiro, mas sempre escolhemos a mais comum e batida das opções: baile hawaiano do Ipê Tenis Clube, um dos clubes da cidade. O preço salgado do ingresso tirou a ideia de ir de nossa programação, mas sei lá, fiquei com vontade de ir quando soube que a Aline, minha prima, e a Giovana iam. Compramos os ingressos e convencemos o Maicon a ir também. Passada rápida pela praça, aquele velho e bom vinho no Mancha ao som de Raul Seixas. Me deu um sono, um cansaço, mas não podia desanimar. Nenhum casaco meu combinava com a noite, com o possível clima da festa, então, saí só de camiseta. O Che e o Maikinho entraram nessa também. No caminho, o frio já apareceu. Êta avenida gelada, e a gente a pé. Chegamos numa boa. Quiseram selecionar o público, mas acho que selecionaram demais. Não tinha muita gente, como nos marcantes bailes hawaianos em que já estive no Ipê, e tudo parecia mais um jantar de negócios onde o traje obrigatório eram as estampas de frutas e flores, e bla bla bla, sim, muito bla bla bla. Encontramos o Jardão por lá. Ele tocou no final do baile, com uma dupla que canta sertanejo universitário, o que mais se ouve por essas bandas nos últimos tempos. O show principal da noite era de axé, da cantora Jana Lima, que já esteve por aqui no ano passado. Não, eu não curto mais axé, mas poderia ter percebido isso antes. O que salvaria a noite seria o whisky com energético que Che e eu combinamos de tomar. Mas essa foi mais uma desistência do sábado, por motivos nobres, mas foi. O Che não estava bem, passou meio mal. Eu nessa hora me acabava na cerveja. Tinha encontrado a Aline e as amigas delas por lá, mas a noite por ali também não parecia nada boa. A Lislaine chamou no dia seguinte quando soube de tudo, a noite de sábado de "a balada das desilusões". É, a carência bateu forte em mim. Num descuido, em que todos foram ao banheiro, e eu fiquei sozinho, peguei meu celular e mandei um "eu amo você", numa mensagem de ddd 11. O que eu não queria e não devia fazer, que me controlei durante semanas, caiu por terra assim, em segundos, por causa de algumas cervejas. Depois, foi só chá de banco de cimento o resto da noite, entre cigarros inexpressivos e silenciosos. E o frio era cortante, doía. Uma briga no fundo rolou, quando destruíram parte da decoração da festa, bem #tenso. Eu não estava no meio não, nós só assistimos. Eu crio tanta expectativa quando saio de casa no final de semana. Nunca quero que seja normal, comum, só nos dias em que fico de saco cheio. Eu acredito ainda que o vento vire e que lances inesperados aconteçam, que eu receba um olhar, um toque que vai mudar tudo pra sempre, e que vai botar cor em tudo. Mas sempre volto pra casa do mesmo jeito que saí. A única diferença é o acúmulo da sensação de que tudo é uma grande cilada, um grande engano, e que o destino insiste em continuar me passando a perna. Nesse baile aí que vai passar em branco na minha história, eu ganhei uma flor, arrancada de um dos arranjos da festa. Ganhei do nada assim, sem intenção nenhuma, sem pretensão nenhuma, só o mesmo jogo de cartas abertas que está na mesa há tempos, e que não muda nunca. Foi quase um espasmo muscular. Mas na hora, foi tão significativo, tão importante, e se tornou o melhor e o pior acontecimento da noite. Tem dois lados pra ver tudo isso. O lado de que isso não muda nada no próximo conto, pois não significou nada, e o lado de que, se fosse verdade, se tivessem me dado a flor do jeito que eu recebi, tudo seria maravilhosamente diferente e mágico. De qualquer forma, ela me fez companhia até em casa. Eu guardei, num canto escondido do meu quarto. Acabei de olhar e ainda está viva, colorida. Talvez demore ainda pra secar, ou talvez morra logo, de sede. O tempo vai dizer, e o acaso vai fazer dela o que quiser.

"No domingo, acordei mais tarde, só que, felizmente, não estava com a ressaca que eu esperava, mas tomei o meu velho e bom Engov, e já estava bom de novo, pronto pra outra, mas dessa vez nada de comer pizza de ovo, eu comi antes de sair no sabado, bebi vinho e cerveja e acho que foi isso que me fez mal no baile, sem contar que o almoço no domingo era a mesma pizza de ovo... não podia sentir nem o cheiro!!!
Ao chegar a noite, descemos novamente pra praça, encontramos todo o povo por lá..., eu, o Zé, a Lis, o Maicoool, o Elton, o Leandro e o Eder... ficamos lá conversando e fomos pro Bar do Mancha tomar o nosso sagrado vinho ao som do rock n´rooll, hehee.... Alias, teve outra porrada lá em frente, hahahhaa... só que dessa vez eram duas mulheres. Depois do vinho, fomos na lanchonete comer, e assim encerramos nosso final de semana...!!!" (Che)

O aniversário do Éder foi no sábado, mas por causa do baile, ele não apareceu. Os cumprimentos aconteceram no domingo a noite. A rua estava lotada de gente e o Mancha foi nosso cenário de novo. Vinho, e atrás de nós, um arranca-rabo daqueles entre duas gurias. Deprimente! Logo depois, na frente do mesmo Bar do Mancha, um beijo entre dois frequentadores agitou o local. O contraste do amor e do ódio, foi o que eu disse pro Che. E o meu fim do final de semana, foi cômico, bem pastelão. O que eu mais precisava era ter que descer até minha casa segurando vela. Pois é, meus caros, foi assim que se sucedeu tudo. Nada melancólico por aqui, certo?

Um comentário:

Paulo Rogério Rocco disse...

O Riacho está se transformando num "Rio de Lágrimas que eu tenho pra chorar". Tenho medo de quando ele encontrar o mar.

Brincadeira. Leio e releio esses relatos incríveis desta turma que faz a diferença em Tambas City.