Eight days a week

A última apresentação da peça aconteceu no último sábado e surpreendeu a todos. A SAT estava lotada e tivemos que pegar cadeiras no camarim para que o público todo se sentasse. Eufórico, esse mesmo público aplaudiu os atores de pé. Era a última vez que esse trabalho, que foi doloroso, cansativo, mas de resultado muito satisfatório, era apresentado. Meus olhos encheram de lágrimas quando o elenco cantou
"Eu te amo, meu Brasil" pela última vez. Abracei meus amigos, Che e Lislaine, que estavam igualmente felizes pelo resultado. Meus pais, tias, amigos, pais dos alunos, até a Paulinha (que sempre acessa o blog), estavam lá, prestigiando. Paulo e eu subimos no palco, entregamos os certificados de participação aos atores, e os prêmios de Melhor Ator e Melhor Atriz. Camila ganhou os prêmios de Melhor Atriz nas duas votações, na dos próprios atores e na eleição feita pelo Paulo e por mim, visando o desempenho do grupo durante o ano todo. Os prêmios de Melhor Ator foram para Rodrigo e Neto, empatados na votação do grupo. E o outro, como Melhor Ator do Ano foi para o Che, merecidamente, pelo desempenho na peça "Sexo dos Anjos". Fiquei louco, me mordi de vontade de contar pra ele, já que sabia há semanas que ele era o escolhido. Mas me aguentei e a surpresa aconteceu. Che mal podia acreditar. Subiu no palco e me disse entre-dentes: "eu vou matar você" hehe. Mas ele gostou.
A SAT foi esvaziando, esvaziando. Fazia uma noite bonita lá fora. Todo mundo foi se despedindo. Sobramos Paulo, Che, Lis e eu. Paulo arrumava o camarim e levava os equipamentos para o carro. O palco estava vazio, as cadeiras desarrumadas. Era confete e serpentina pra todo lado. Fui até a vitrola e perguntei para o Che: "você viu que isso aqui funciona?". Coloquei o disco dos Beatles. "Hey Jude" ecoou pela SAT, na velha vitrola potente do Paulo. Ouvimos a música, enquanto sentíamos a energia que ainda rodava pelo espaço, o calor humano da arte, do aplauso, da vontade de ser e acontecer em cena, espíritos despertados pelo som da criação. A música acabou. O silêncio voltou. Saímos. Era o fim de mais um espetáculo.
Um final de semana antes, aconteceu o Motofest aqui em Tambaú, no Recinto de Eventos. Estes últimos dias não foram bons. Matei um leão por dia. Teve uma hora que achei que não iria suportar. Ia surtar, quebrar tudo, mandar tudo para o espaço. Era a estreia da peça que chegava, meus pensamentos que me consumiam, e meu coração, pequeno, se esmagando aos poucos. Ensaiamos a peça na sexta-feira. Che e Cesinha me encontraram no final e descemos todos para o Motofest. Os meninos do teatro foram também. Entrei como responsável por eles. Se eles bebessem, era rua pra nós todos. Mas eles se comportaram e ficaram só na coca-cola, sem rum, ok? Naquela noite, a banda Nota Promissória se apresentou. Assistimos o show delas na SEUNIT desse ano, numa noite em que ganhei um beijo que nunca achei que ganharia. Mas isso é relato antigo e está por aqui em algum lugar... A banda toca rock e é composta só por garotas adolescentes. Pouco curti o show nessa noite. Minha cabeça estava tão longe, em pensamentos tão perto, e tão impossíveis. Na noite seguinte, Maikinho estava conosco. Essa foi divertida. Teve dança das cadeiras entre nós. Caí de maduro, legal no chão, com as duas pernas pra cima, quando ia me sentar e Cesinha puxou minha cadeira. Todo mundo viu, e riu. Ahh mas não ficou barato. Estava meio bêbado de vinho, nem liguei, mas escondi a carteira do Cesinha, o que fez com que ele ficasse boa parte da noite sem cerveja. Isso tudo era eu tentando ficar bem. Éramos nós tentando ficar bem. No domingo, curtimos o Motofest durante a tarde. Lis estava lá. Leandro deu o ar da graça também. Numa conversa descompromissada com o Che, sentados na grama, vendo o show de cima, eu vendo tudo amarelo, por causa do meu novo óculos de sol, que comprei do Marco Antonio por um preço absurdo hehe, o assunto era destino. Sempre que estamos de bode um com o outro, demoramos pra conversar, pra resolver as coisas. Ficamos tentando resolver na marra, assim, sem ter que passar por situações duras, nem conversas muito tensas e difíceis. Fingimos que está tudo bem, tentamos ficar de boa, até que finalmente não dá mais pra fugir do papo bravo. Enquanto não rola, jogamos indiretas no meio das conversas descompromissadas. O fato é que me lembro de ter dito pra ele nesse dia que, não sabemos nunca qual será o nosso destino, o que vamos fazer, como e com quem vamos terminar, e se vamos terminar com alguém, mas que tenho certeza de algo, de que nada será como a gente deseja. Isso não quer dizer que não haverá uma certa felicidade implícita, ou explícita, nisso tudo. Na sexta-feira, noite da segunda apresentação da peça, Lis, Che e eu saímos. Acabamos no bar do Geraldo. Lis tem compromisso no sábado de manhã, aula de inglês, por isso, sempre vai embora mais cedo na sexta. Che e eu sobramos, mas ainda não tivemos o papo bravo nessa noite. Falamos de teatro, de vida, fomos agradáveis, gentis. E ficamos bêbados de cerveja. Nunca ficamos bêbados de cair, nem de passar mal. É muito raro. Quando acontece isso, a descrição aqui é "tomamos um porre". Não foi o caso. Acho que eu fiquei embriagado com as minhas próprias palavras. Uma certa hora, não sabia mais o que falava, nem perguntava, e se estava tentando fugir do pauta principal. Eu sei que fui embora contando os passos. Só não chutei porque chutar de all star com a sola gasta dói demais... Nem usei o fone de ouvido. Foi no auto-falante do celular que saiu a trilha da cena. Não me lembro, mas acho que tocou Scorpions.
No sábado depois da peça, estava no auge do cansaço e do stress. Queria sair pra comemorar, com os meus amigos. A tarde tinha sido uma deprê total. Fui até a praça com a Lis e o Che, mas não durei muito. A cólica de rim me pegou nessa noite. Comecei a sentir durante o espetáculo, mas pensei que ia passar logo, como das outras vezes. Mas veio forte. Liguei para o meu pai e ele foi me buscar. Estava pálido de dor. Não conseguia respirar direito. Meus pais me levaram para o Pronto Socorro. Injeção na veia, depois na polpa (isso é ótimo, me sinto um maracujá!). Me deixou com a garganta seca, os olhos ressecaram e minha lente de contato parecia gillete nos meus olhos. Cheguei em casa, me livrei dela no banheiro (da lente, ok?) e caí na cama. Dormi. Dormi muito.
Domingo fiquei de molho o dia todo, sem dor alguma. Entrei na internet a noite para esperar o Che aparecer para combinarmos a saidinha. Eu ia finalmente comemorar o sucesso da peça. Nada! A dor voltou forte de novo. Tomei remédio e rezei pra passar logo. Dessa vez, não era caso de Pronto Socorro. Che entrou na internet. Disse que não ia sair por causa da dor. Continuamos conversando e, na hora mais imprópria que podia haver, o papo bravo começou. Tentamos fugir logo depois, mas não tinha mais jeito.
Eu sei que foi uma grande merda. Perdemos o controle e dissemos coisas duras, mas que os dois queriam dizer há dias. Depois, tudo se amenizou. Mas o que ficou decidido, estava de pé: o afastamento. Tudo já havia se transformado num fardo muito grande pra carregar. Nenhum de nós merecia mais isso.
Seria mais fácil conversar pessoalmente, mas tudo parece mais corajoso atrás da tela do computador. Ganhamos coragem pra sermos como quisermos, bons ou maus. Mas foi assim que aconteceu e uma pedra estava sobre o assunto.
A dor no rim passou. Na segunda, ela incomodou um pouco, mas logo voltei ao normal. E as pedrinhas ainda não saíram. Verei um flashback desse final de semana em breve. A semana na biblioteca foi de trabalho atípico. O espaço está cheio de guirlandas, enfeites de Natal, e renas de madeira. É a decoração de Natal que a Quintal das Artes está preparando para enfeitar alguns prédios da cidade nas próximas semanas. O pessoal da biblioteca vem ajudando a arrumar alguns detalhes. Fatinha e Lis estão cuidando das guirlandas, com muita cola quente e criatividade pra tanta bola, flor, maçãzinha, laço, passarinho e sino. Lis voltou a trabalhar na biblioteca todo dia, agora que suas aulas acabaram. Aliás, essas últimas semanas foram muito importantes para ela.

Terceiro colegial... Término de ciclo e início de uma nova era.... Estamos quase no Natal. Vixe, o tempo passou muito depressa, quase não percebi. Só tive noção de realidade quando professores e colegas começaram a dizer frequentemente: “Os vestibulares estão chegando! Quem for prestar, se prepare!” Até eu às vezes acabava dizendo e me perguntando que faria depois do colegial, o que eu seria... Veio então as inscrições pra os vestibulares. USP, UNESP e o tal do Enem...
Não foi fácil mandar os documentos para o vestibular da USP, pois de um lado diziam que documento tal teria de ir, o outro não. Do outro vestibular, diziam o contrário. Chegamos a um ponto de extrema confusão, até uma luz acender e enviarmos os tais... o Enem foi mais fácil devido ao uso da internet para a inscrição.
Para a Unesp, não fiz a inscrição. Já estava na fase “que vá tudo pro raio que o parta”, Fiz o Pasusp,q ue é uma prova de 50 questões da USP, para fazê-la precisei ir para Ribeirão preto devido a opção que fiz no momento da inscrição, mal sabia eu que dava pra fazer em Pirassununga, hehe.
Em novembro veio o Enem. Quase pirei uns dias antes e nos 2 dias de prova tinha sempre alguém pra falar no dito cujo. Foram 2 dias, 90 questões em um dia e mais 90 no outro, mais a dissertação. Odeio redação, nunca fiz uma descente e não seria aquele dia que iria fazer. Teve depois a FUVEST, que me fodest toda, não fui bem.
Entrega de Trabalho, apostila, Conferir visto do Caderno e provas... Chega à camiseta de Formatura... Olho atrás dela e estão os nomes dos seres na qual convivi quase 1 ano. Uns convivi mais, outros nem olhei no rosto direito, mas os nomes deles estão ali pra lembrar que eles passaram por mim, pela minha vida." (Lislaine)

Che fez uns desenhos de renas natalinas. Paulo mandou cortar as renas de madeira, e Che e eu pintamos todas com tinta branca essa semana. Agora, ele está desenhando os olhos, e os últimos detalhes. Fatinha enfeitou a árvore da biblioteca, com enfeites em formato de livrinhos, num trabalho totalmente artesanal. Ainda nesse clima natalino, decidimos como será a confraternização de final de ano da biblioteca. Tiramos os papéis do amigo secreto, e a festinha acontecerá na semana que vem.
Outra confraternização que vem por aí é a do teatro. Encontramos o elenco todo na quinta-feira pra combinar tudo.
Depois de uma semana comprida, exaustiva, o que eu mais queria era o final de semana. Saí da biblioteca na sexta-feira sem acreditar que tinha chegado. Estava animadíssimo pra sair e combinei com a Lis e o Che. Nós conversamos na terça-feira a noite sobre tudo que aconteceu, sobre a conversa difícil do domingo, e ficamos numa boa. Desistimos do lance de nos afastarmos. Pra mim, por mais que tenha tentado, é muito difícil fazer isso. Então, ficou o dito pelo não dito. E a história sossegou, voltou pra debaixo do tapete. E chega de falar dela...
A Lis não apareceu na sexta-feira, houve um desencontro. Na verdade, acabei sem saber se ela saiu ou não. Che e eu, meios sem destino numa cidade quase deserta, fizemos a noite no "Sabor & Sede", com alguns amigos dele, que ele conhece desde a escola. Bebemos cerveja. Eu já tinha bebido antes, no posto. Depois, encontramos o Leandro na praça. Bebemos mais um pouco com ele. Eu sei que fiquei muito mal. Decidimos comer numa lanchonete, pois todos estavam com uma larica terrível. Eu deitei no banco do John Móvel atrás, quase dormindo, até lá. Comemos num silêncio total na mesa. Cheguei em casa mal enxergando a fechadura do portão. Entrei, tirei a lente, que a essa hora irritava meu olho. Tirei a roupa, o all star, e capotei na cama. Nem sonhei.

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