Beijos e rock, sem muita poesia

Sabe aquela semana que parece que nunca vai ter fim? Ora pesadelo, ora sonho... Pois é, os últimos dias foram assim: tensos, sofríveis, românticos, neuróticos, surpreendentes. Eu sou ariano, odeio monotonia, gosto de ser ágil e gosto que a vida seja ágil também. Tudo vem e te atropela, te leva, te afoga, te afunda, te come e te cospe. Inconstância sem fim!

Sexta-feira, 16 de julho de 2010 - O lago pra Ofélia se afogar
A noite anterior tinha sido um pouco estranha. Fizemos um ensaio da peça ao som de trovoadas, uma chuva terrível daquelas que anunciam o fim do mundo. O Che e eu maquiados, com o rostos pálidos, expectativa a mil. Gravação do dvd da peça rolando, pique de luz. Corrrta! No ensaio ainda dava pra fazer isso... Retoma! O ensaio da quarta-feira foi melhor. Talvez o de quinta-feira tenha sido do que jeito que foi, pra espantar as coisas ruins, os desastres, da natureza e da máquina chamada "teatro", que precisa de harmonia pra funcionar direito. Sexta-feira de manhã, eu tentava me manter calmo. Na biblioteca, montagem de estantes, e pra relaxar, cantoria sussurrada, uma forma de dizermos "não, estamos muito tranquilos... tudo dará certo..." A tarde, o nervosismo não pôde mais ser disfarçado. Frio na barriga, choro sem porquê, inspiração pra escrever. Fazer teatro dói às vezes, sufoca, martiriza. Não fiquei deprimido, era expectativa, ansiedade de fazer subir o coração até a boca. O banho foi a última tentativa para relaxar. Mais choro calado, e finalmente, a paz voltou a reinar. Na SAT, ticket para a passagem final na mão, foi o presente de saudação do Paulo. Quem viu a peça, sabe do que estou falando. A Joice estava por lá. Tinha prometido ir assistir e cumpriu. Éder e Lislaine também já tinham chegado. Maquiagem, hora passou rápido. Cigarro. O Che e eu numa infinita pergunta: "e aí, tá nervoso, cara?" Na verdade, queríamos perguntar: "e aí cara, tá mais nervoso do que eu?" Público começa a chegar. Cigarro. Tínhamos combinado de tomar vinho antes da estreia, mas fiquei com medo de errar os degraus da escada. Não podia correr esse risco, não nesse dia. Cigarro, oração, abraço no meu grande amigo, um grande cara, um grande ator nascendo ali. Começou. Meu Deus, que emoção, que coisa boa! Um dos melhores momentos para o ator, pisar no palco no primeiro segundo de espetáculo, ouvir a respiração do público, buscar confiança nele, sentir o cheiro da arte. Foi uma noite perfeita! Risos na hora certa, silêncio arrepiante, depois suspiro de alívio, cabeças pensantes tentando desvendar o mistério das duas personagens. O aplauso. Foi tudo ótimo, dentro daquilo que almejávamos. O Che, o Paulo e eu saímos da SAT felizes e orgulhosos. Meus pais e os pais do Che não se aguentavam, estavam grandes de tanto orgulho, olhos marejados e sorrisos francos. Nossa estreia tinha acabado de ocorrer, e vimos que nosso trabalho valeu muito a pena. Realização e vontade imensa de percorrer um bom caminho com o espetáculo! Depois da peça, bebidinhas no Sossego, uma lanchonete aqui em Tambaú. O cansaço não permitia que fizéssemos mais nada naquela noite.

Sábado, 17 de julho de 2010 - Consequências
Sabia que aquele stress, todo aquele frio na barriga, ia me fazer muito mal no dia seguinte. Estava exausto, contente com a peça, mas completamente sem energia. Manhã inútil. A tarde, Lislaine, Che e eu nos reunimos em casa para fazer algo que tínhamos planejado há algum tempo: compartilharmos nossas fotos de infância. Eles trouxeram os álbuns até em casa e passamos a tarde nos divertindo. Relembrar é algo bom, e nós três tivemos uma infância feliz. Nós três nos conhecemos há mais ou menos 2 anos atrás, e nesse sábado, eu olhava pra eles e pensava que teria sido muito bom ter passado minha infância ao lado deles. Mas a vida sabe o que faz, não é? Tivemos a sorte de nos encontrar agora, quando um precisava do outro por algum motivo, que um dia iremos saber, ou não, só sei que tinha que ser assim... A noite não foi muito boa. O cansaço ainda dava sinais muito evidentes, e a irritação também. Ouvir Legião, Raul, Beatles, Cazuza, todo sábado a noite com um copo de vinho na mão, em pé numa rodinha, falando bobagens, tem dia que cansa. Mudança de planos. Íamos pra SEUNIT e não fomos. "Sossego" novamente. Mas a noite já estava condenada. Nada me animou. Resolvi ir embora depois de um tempo, e isso acabou com a noite de todo mundo. Fomos todos embora. O Che, na hora de se despedir, perguntou se estava tudo certo e me abraçou. Disse que estava. Estava nada, tudo estava errado, péssimo, caótico e sufocante. Mas nada merecia ser dito.

Domingo, 18 de julho de 2010 - O que eu queria e/ou não queria ouvir...
Almoço na casa da minha tia. Programinha normal de domingo! A minha perturbação parecia aumentar. Questionei tanta coisa esse dia, perdi a oportunidade de ficar calado numa conversa manjada, onde você fala, fala, querendo que a pessoa diga exatamente aquilo que você quer ouvir, e ela diz. No momento, satisfaz você, depois, é ruína. Domingo a noite, insisti em sair. Queria ter uma outra conversa, definitiva e aniquiladora, ia rasgar o peito. Não era certo o que estava fazendo comigo, era judiação demais, ilusão demais. Mas não rolou. Não tive oportunidade. Ficou só no vinho, no papo aqui, papo ali. Fomos dessa vez pra SEUNIT, a Semana Universitária Tambauense, um evento que acontece aqui na cidade há 47 anos, sempre reunindo numa mesma semana, cultura, música e artes, para um público predominantemente jovem. Vou falar bastante dela por aqui ainda nesse post. No domingo, na SEUNIT, que rolou na Lex Luthor, tocava a banda Black Case. Estávamos eu, Che, Cesinha e Elton por lá. Maikinho foi embora e não entrou. Fiz uma força imensa pra manter a alegria, pra segurar o vulcão prestes a entrar em erupção. Estava mal mesmo. O som da guitarra batia em mim e ficava ali, mantendo a nota. Numa ida ao bar, recebi um convite. Queriam que eu apresentasse um desfile de Modas na SEUNIT, na terça-feira. Tinham me visto na apresentação do Festival de Modas, e gostaram. Topei. Sim, inacreditavelmente, eu topei, naquela hora, naquela noite terrível. O domingo acabou e eu tentava acreditar que meu mal era sono.

Segunda-feira, 19 de julho de 2010 - Dia de quase-fúria
Não comento muita coisa sobre esse dia, um dos piores dos últimos tempos. Não podia nem com a minha própria voz, não estava ME aguentando. Carreguei o mundo nas costas o dia todo, num peso avassalador. Fui chato, fui grosso no telefone, fui indiferente, fui intocável. Péssimo! Não gosto nem de lembrar. A noite, teve ensaio do desfile na Lex Luthor. Fui até lá. O ensaio durou até a hora em que o Che e a Lis apareceram. Na SEUNIT, era dia de bandas de garagem fazerem um som por lá. Fiquei até certa hora, mas a sensatez me mandou ir embora. Tinha sido tudo tão #tenso, que achei melhor me preservar. Um choro sentido veio manso a noite, e um e-mail com um pedido de socorro foi enviado para alguém que, naquela hora, eu pensava ser a única capaz de me entender, de estar ao meu lado. Ledo engano! Sono e cama.

Terça-feira, 20 de julho de 2010 - Big surprise
Manhã chata de novo. Precisava conversar com alguém, fazer alguma coisa. Disse pro Che que precisava falar com ele a noite, na hora que ele pudesse. Me afastei muito dele e de todos nesses últimos dias e tinha que consertar as coisas, que talvez tivessem erradas. Pra mim tá tudo errado! Ele foi gentil, perguntou se estava tudo bem. Isso já me acalmou. Confio muito nele, e saber que ele está do meu lado, já me acalmou. Não posso reclamar dos meus amigos. A noite, fomos pra Lex Luthor. Eu cheguei mais cedo porque ia apresentar o desfile. Três lojas se juntaram para promover o desfile aqui na cidade, O Boticário, Shó Modas, e Espaço da Moda. Desfilaram crianças e adolescentes, com as peças e produtos das lojas. Enfim, fiquei o tempo todo no palco. Momentos inusitados com crianças na passarela, isso é básico. Algumas delas quase caíram de lá, tivemos, eu e a Carol, aluna nossa do teatro que estava vestida de "anjo" no desfile, que desviar algumas crianças do buraco hehe. #tenso. Mas correu tudo bem! Foi sucesso! Todo mundo curtiu, eu também. Ganhei um perfume do Boticário, amei isso! Baladinha logo depois com a Lis e o Che, que estavam por lá também. Meu humor já tinha melhorado bastante nessa hora. Dançamos, bebemos. Andando por lá, passei por alguém que já tinha visto na SEUNIT num desses dias, mas que não passava pela minha cabeça cumprimentar. Conhecia há bastante tempo, sempre mexeu comigo de alguma forma. Nos cumprimentamos. Depois, lá fora, conversei com o Che sobre a crise sem explicação que estava enfrentando. Ficou tudo certo. Hora de ir embora!

Quarta-feira, 21 de julho de 2010 - Nada feito
Manhã mais sossegada, despretenciosa. A tarde, uma conversa no msn me deixou bem #tenso. Encontrei aquela pessoa on line. Conversamos umas 2, 3 vezes, há algum tempo já, mas nada demais. Perguntei se ia na SEUNIT, disse que sim, e me candidatei prontamente a estar por lá. Depois, recebi um novo convite para bancar o apresentador hehe. Dessa vez, fui apresentar um palestrante, que veio a Tambaú fazer um seminário sobre "Direitos do Consumidor". Foi coisa rápida! Marquei com o Che para depois, na Lex Luthor. Mas a balada demorou demais pra começar, e o frio era latente do lado de fora. Esperamos até certa hora e fomos embora. Não vi quem queria ver e o que restava era dormir.

Quinta-feira, 22 de julho de 2010 - Inesquecível
Dia normal na biblioteca. A arrumação por lá continua a toda prova. Cada dia o espaço fica melhor, e quem ganha com isso é o usuário. Em poucos dias, a energia elétrica foi instalada, os computadores com internet disponibilizados, as cortinas colocadas, os móveis renovados... Dá até orgulho de ver... O trabalho que a Quintal das Artes vem realizando por lá é muito louvável. É duro e cansativo às vezes, mas o esforço vale a pena. Bom, na SAT, a noite foi de "Cinema em Cena", com o filme "Minha Amada Imortal", que conta a história de Beethoven. O filme era muito bom, apesar de triste e melancólico, mas eu estava tão cansado que deitei no fundo pra assistir. A cabeça da Lislaine no meio da legenda me ajudou muito a dar umas cochiladas. Logo depois, fomos pra Lex Luthor. O Che, o Leandro e eu entramos. Quem tocou nesse dia foi a banda Nota Promissória, da cidade de São Carlos. Muito bom o show! São meninas adolescentes que compõem a banda, que toca de Raul Seixas a AC/DC. Encontramos a Aline, minha prima, com as amigas por lá. Logo que entrei, avistei quem eu queria. Não sabia de nada, se aquele papo do msn tinha sido apenas simpatia, brincadeira boba e despercebida. Até que, numa hora em que saía pra fumar, acabei encontrando a pessoa, sozinha. Foi mais fácil! Cumprimentei, conversamos um pouco, e ganhei ali a liberdade que precisava para dizer aquilo que sempre quis dizer. O desenrolar disso tudo não precisa ser postado aqui, até porque seria um pouco indelicado. O que devo dizer é que, tempo depois, um pouco longe dali, o beijo aconteceu. Foi lindo, mágico, aquele beijo que seu coração reage tentando te dizer que a partir dali, você nunca mais será o mesmo. Eu quis esse beijo há 6,7 anos atrás, mas nunca fui além de algumas insinuações. Depois, a vida seguiu seu rumo. Eu namorei durante bastante tempo, perdemos o contato, nunca mais ouvi sequer falar. Muito recentemente, reencontrei na rua, passando... Falamos um "oi" discreto, sem graça, mas nunca me passou pela cabeça de que algum dia esse encontro iria acontecer. Foram momentos maravilhosos. Me senti tão bem, como há bastante tempo alguém não fazia com que sentisse... A rua silenciosa, e escura, ganhava luz e música. Se vai acontecer novamente ou não, eu não sei, quem sabe, quem entende a vida? O fato é que pode passar por mim 50, 100 anos, essa noite será sempre inesquecível. Eu sou um exagerado ariano, apaixonado pelo amor, se não me arrepiar, não vibrar com isso, não sou eu.

Sexta-feira, 23 de julho de 2010 - Mais uma de amor
Passei o dia todo na base do suspiro. A noite anterior ainda era inacreditável, minha ficha demorou a cair. Trabalho na biblioteca o dia todo, a noite teve peça na SAT. Um grupo de teatro de Mococa apresentou, também na SEUNIT, a peça "A Morte Bêbada da Morte", uma comédia gostosa de se ver. A galera do teatro estava lá, o Che também. Fomos até o Bar do Mancha, onde tomamos um vinho. Rodolfo, Lislaine, Éder e Leandro apareceram por lá também. Batemos um gostoso papo sobre teatro, sobre música. Foi legal! Depois, Che, Éder, Leandro e eu, descemos para a Lex Luthor. Só Che e eu entramos, com o Neno que apareceu depois, mas que ficou pouco com a gente. Quem eu queria ver por lá, nessa noite eu não vi. A distância está virando um obstáculo fundamental na minha vida amorosa hehe. Aquele alguém já tinha ido embora, não estava mais em Tambaú. A noite parecia que ia acabar daquele jeito, desanimada, sem graça. Uma conversa sincera com o Che lá fora, em meio a 2 ou 3 cigarros, uma conversa sobre como a vida é e quem somos ou não dentro dela, se está valendo muito a pena sermos quem somos, seres "alienígenas" no meio da multidão, com pensamentos e idéias tão diferentes. Estava querendo ir embora, mas fomos dar uma última olhada lá dentro. De repente, surge ela. É, a noite dessa vez foi produtiva pra outra pessoa, numa história bem parecida com a minha, da noite anterior: uma relação perdida aí no meio da vida que já não tinha mais chance de começar, de acontecer, mas que aconteceu, numa noite aí que não prometia ser diferente das demais. Fui embora, feliz, meio chocado com as coincidências, com a forma que a vida acontece, tudo se encaixando, acontecendo na hora certa, fazendo sentido. Às vezes, vem como um terrível tapa na cara, outras vezes como tapa de luva de pelica, e vai ensinando, construindo e desconstruindo relações, paixões e sonhos. Eu não duvido de nada, espero tudo da vida, e ela vai me surpreendendo...

Sábado, 24 e domingo, 25 de julho de 2010 - Só amigos
Meus pais foram viajar, fiquei em casa sozinho o final de semana todo. Foi um tempo bom pra dormir a tarde com absoluto silêncio, e pra organizar tudo, meu quarto, meus pensamentos, minhas músicas no pc. A noite foi ótima, com meus queridos amigos. Lislaine, Cesinha, Maikinho, Bruninha, Leandro, Éder, Che e eu na Lex Luthor. Bebida, som da hora, muito rock, só liberação na dança de tudo que rolou nos últimos dias. No final da noite, um abraço selou o último detalhe dessas histórias todas que faltava. O "tapa na cara" que levei, por mais que tenha sido duro reconhecer, me colocou no chão, me fez ver exatamente como as coisas são, e que eu não devo lutar contra elas. Não posso culpar ninguém por não ser como eu, por não ser como eu gostaria, nem por não oferecer a mim aquilo que eu sempre desejei, se por acaso já me oferece tudo aquilo que pode. Ainda estou digerindo isso tudo, engolindo aos poucos. É provável que nunca mais veja as coisas do jeito que eram, nem me comportarei como alguém que podia oferecer numa bandeja a própria felicidade, tudo agora está no seu lugar. Nem muito nem pouco, dou o que recebo. Meu coração está aliviado, e na torcida pela continuação de todas essas histórias...
Domingo foi dia de almoço aqui em casa. Preparei um delicioso macarrão e assei uma pizza. Lis e Che vieram almoçar comigo, já que ia comer sozinho. Conversamos bastante, rimos, bons amigos reunidos. Depois, foi nosso encerramento na agitada SEUNIT 2010, no Campeonato de Som Automotivo. Muito barulho, muito sol, muita gente. Mas foi bom. Uma saidinha mais a noite, para tomar um vinho, parecendo fechamento de episódio de série americana. A lua dessa noite era a mais linda que eu já vi, inspiradora, enorme, nascendo atrás da minha casa... O fade out aconteceu. Os créditos apareceram. Era hora de dormir para, no dia seguinte, enfrentar um novo início de semana.

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