Waka Waka he he

Domingo, dia sem muito pra fazer, a não ser lamentar as porcarias que a televisão brasileira tenta enfiar na nossa goela, como por exemplo, o novo produto que permite que as mulheres façam xixi de pé. Ah, e tem também o concurso de Boy Band no Programa do Gugu, que está apostando pra ver qual dos candidatos vai deixar as fraldas primeiro, ou crescer mais uns 30 cm de altura. Estou de pé desde às 9 da manhã. Acordei assustado. É a terceira vez em pouquíssimo tempo que sonho com assaltos. Que droga! Aqui na sala de casa faz um frio terrível, estou debaixo do edredon. São 5 da tarde agora e ok, eu confesso, estou com humor péssimo. Mas estou bem, acreditem. É só mais uma daquelas encanações que surgem no final de semana meio ocioso, quando você pára pra lembrar de como foi sua semana, tudo que você viu e ouviu, e acaba achando pêlo em ovo. Na verdade, não é pêlo em ovo nada, a situação e a conclusão dela é bem real. O que me deixa mais puto da vida é que sei como as coisas funcionam há algum tempo já, mas antes eu lamentava, achava que ia ser difícil resolvê-la, hoje estou com raiva mesmo, sem nenhuma compaixão. O fato é que ela deve ser resolvida logo, antes que eu realmente tenha que vir aqui fazer um post melancólico e emo. Coisas do coração, coisas que acontecem quando você percebe que ser bom, bancar o bom samaritano, não é mesmo a melhor forma de se portar, principalmente em relações que você tenha 80% de chance de quebrar a cara.

Bom, mas fora isso, não posso reclamar dos meus últimos dias não. Foram dias tensos, dramáticos, porém inesquecíveis. Quinta-feira, funcionei a 1000 por hora, desde às 7 da manhã. Acordar, café-da-manhã, dia de arrumação na biblioteca, almoço, mais biblioteca. Saí de lá, voei pra casa, tomei banho, jantei e corri para a Lex Luthor, onde havia o ensaio do Festival de Modas. Não me lembro se já comentei isso por aqui, mas o Sebastião Ruiz, modelo profissional aqui da minha cidade, promoveu um curso para modelos, onde dei aulas de expressão corporal para os alunos. E para encerrar o curso, ocorreu um Festival de Moda na Lex Luthor, casa de shows badalada aqui em Tambaú. O Paulo e eu ajudamos no evento, através da Associação Cultural Quintal das Artes. Alguns alunos nossos do grupo de teatro, participaram também do curso de modelos. Enfim, na quarta-feira, soube que o evento precisava de um apresentador e recebi o convite para tal, mas recusei. Recusei por achar mesmo que não tinha preparo nenhum pra isso, que não saberia como agir. Na quinta-feira, tomando conhecimento do roteiro e sabendo que ainda não haviam encontrado alguém, me ofereci para ser o apresentador, porém, não me confirmaram nada. Depois do ensaio na Lex, fomos o Paulo e eu, para a SAT, onde a galerinha da Quintal nos esperava para a aula. Exercícios corporais, envolvendo o novo musical "Casa de Brinquedos" e depois leitura do texto do outro espetáculo "Somos todos do jardim da infância", estrearemos as duas no final do ano. Logo em seguida, já quando o relógio marcara quase 10 da noite, lá fomos nós para outro ensaio. Dessa vez, da peça "Sexo dos Anjos", que estreia dia 16 de julho na abertura da 47º Semana Universitária Tambauense. Ensaio satisfatório, e com muita expectativa pela estreia. Saí de lá tão cansado, tão cansado, que só quis saber da minha cama, que me acolheu direitinho quando cheguei em casa.

Sexta-feira! Despertar difícil, sem muito ânimo, porém ansioso com o jogo do Brasil contra a Holanda. No café-da-manhã, stress. Meu pai estava atacado, e acabamos discutindo. Às vezes acontece, temos o gênio muito difícil. São 3 arianos na mesma casa, ainda que brigamos pouco, e geralmente, é rápido, sem ofensas graves. Essa, por exemplo, foi por causa da chave do portão que não estava no portão, na hora de colocar o lixo na rua. E outra: meu pai está meio doente, gripado, e quando qualquer um de nós em casa fica doente, o dia vira mesmo uma dramática novela mexicana. Bobagem! Mas eu sou carne de pescoço, sabe como é, saí com um bico gigante, recusei carona e fui a pé para o trabalho. Fico com os nervos a flor da pele, e minha cabeça colabora pra tudo ficar pior, pois coisas absurdas passam pela minha cabeça. O fato é que, quando acontece isso em casa de manhã, a tarde os três já estão se falando normalmente, como se nada tivesse acontecido, sei como é. Na biblioteca, ansiedade para o jogo do Brasil. No rosto dos sócios que apareceram por lá, também existia uma feição de pura expectativa. Saímos às 10 e meia. Che foi para minha casa comigo, temendo que o clima estivesse ruim por causa da breve discussão do café-da-manhã. Que nada! Dito e feito, meu pai já estava de boa, como imaginei. Vejo nessas horas como sou parecido com ele, mas acho que consigo ter um gênio pior, sou mais difícil. Hora do jogo! Vizinhança, tios, priminha com vuvuzela, mãe, pai, Che e Alan, que chegou um pouco atrasado. Jogo bonito no primeiro tempo, Brasil meteu o primeiro gol, logo depois, de um belo passe de Robinho, que estava impedido. Almoço no intervalo! Lasanha, coxas de frango assadas... Segundo tempo! Empate da Holanda! Brasil jogando meio estranho... Holanda faz 2 a 1! Felipe Melo expulso! Brasil se prejudica... Reza, reza, reza, reza... Quase chora! Acaba! Brasil está fora, vai voltar pra casa... Um momento em silêncio pra ouvir o goleiro Julio Cesar... Lamentos, lamentos... Volta ao trabalho! Nem há muito o que comentar sobre essas horas porque todo brasileiro que estava ligado na Copa, e torcendo para o Brasil, sentiu o mesmo. Um silêncio estranho pairou sobre Tambaú. Não se ouvia muita coisa. Às 4 da tarde, veio a confirmação de que era eu mesmo que seria o apresentador do Festival de Moda. Nessa hora, a tarde ganhou uma outra cor. Um misto de ânimo e desespero! Depois de dormir um pouco, jantar, tomar um banho e escolher a roupa certa, fui para a Lex Luthor.

Encontrei o Paulo que me deu umas instruções. Joice e Che apareceram por lá também. Consegui ingressos para eles. Saía pra fumar e o frio estava de congelar pinguim, e a fila só aumentava. Era gente que não acabava mais. As cadeiras já tinham acabado há muito tempo. Começou o evento. Com microfone na mão suada, pernas bambas, visão comprometida pelo grande aparato de iluminação, fiz a primeira apresentação. Li o texto, alguns agradecimentos. Da platéia, eu via pouquíssima coisa, mas o silêncio e os gritos na hora certa do texto, era sinal de que tudo corria bem. Vieram então, a apresentação dos grupos de capoeira, o número de dança incrível de Sílvia e Elaine Castro, o desfile da terceira idade do pessoal do SOS aqui de Tambaú, a apresentação do Paulo Ribeiro, nosso amigo ator da Associação Cultural, que esteve recepcionando o público como Estátua Viva, e finalmente a entrada dos formandos da Seletiva. Lislaine participou do curso e também desfilou, linda, com os cabelos soltos e um belíssimo vestido estampado, me remeteu a deusa Maria Bethânia. Os alunos foram avaliados por profissionais de agências, que estava numa banca ao lado da passarela. Enfim, tudo correu perfeitamente bem. Estiveram presentes também modelos profissionais de São Paulo, Mariana Felicio e Daniel Saúlo, do BBB, Ricardo Siciliano, ator da "Malhação", e Carla Bumba. Foi uma ótima experiência para mim, que me renderam muitos elogios. Quem me conhece há muito tempo, quem acompanhou minha adolescência, sabe que, hoje, depois de ter sido tão julgado e, às vezes, hostilizado por algumas pessoas de Tambaú, conquistei o respeito das pessoas pelo meu trabalho, como ator e professor, e minha conduta. Para relaxar, baladinha depois até às duas da manhã com o Che e a Joice. Depois de uma paradinha estratégica no frio cortante para comer um lanche, casa e cama.

Sábado de manhã, de pé logo cedo, deixei minha mãe a par de como havia sido a noite anterior. Depois, caminhada para a casa do Che, onde fui assistir o jogo da Argentina contra a Alemanha. Não preciso comentar muita coisa, não? Pelo Che, estava torcendo pelos hermanos, uma vez que o Brasil já tinha caído fora. Mas não deu, por mais torcida que houvesse. Mick Jagger estava lá, não havia mais o que fazer (não resisti!!! hehhe). Bom, depois do jogo e diante do bolo que levamos do Alan e da Joice, almoçamos juntos, o Che, dona Isabel, mãe dele, e a Milena, a irmã pentelha do Che, e eu. Aliás, dona Isabel está acostumando mal a nós todos. Arroz, feijão, pizza, almôndegas, enfim, cardápio de rei em pleno sábado hehe. Valeu dona Isabel! Bom, sobre a Argentina, tenho que dizer, depois de saber que os brasileiros foram achincalhados na sexta-feira depois da nossa derrota em mensagens dos hermanos no twitter, que 4 a 0 foi muito bem feito! Gols irregulares e beijinhos do técnico Maradona, não asseguraram os hermanos na Copa dessa vez. Hasta luego! Ah, e Maradona é um homem de palavra que, mesmo sem ter ganho, tirou a roupa para deleite da torcida hermana... Chegando em casa, encontro meu pai, sorrindo, cheio de orgulho, feliz da vida, porque ouviu, no trabalho, maravilhas sobre mim por causa da apresentação da noite anterior. É, esse é meu pai...

Sábado a noite, saí com a galera. Praça vazia, mas a nossa galera toda lá. Che, Leandro, Lislaine, Éder, Maikinho, Cesinha, Elton, William, Jardão e eu. Vinho e imaginação pra suportar o frio e o desânimo. Conversamos sobre as porcarias que comíamos quando crianças, e os brinquedos que participaram das nossas brincadeiras na infância. Se lembrasse de tudo, postaria aqui, pois dei muita risada dos momentos que recordamos. Como fomos felizes...
Domingo em casa. Almoço improvisado, e recusa de churrasco em familia. Cansado, meio mal humorado. A tarde, Alan me ligou. Estava mal porque uma amiga dele havia falecido. Fui ao encontro dele, conversamos.

Estou lendo "Anos Rebeldes", a versão romanceada da minissérie de Gilberto Braga. Redescobri como é gostoso deitar na cama em silêncio e viajar nas páginas de um livro, antes de dormir. Há tempos que não fazia isso. Tenho ouvido muita música antiga, muita mpb, muito Cazuza e Barão, aliás, dia 7 fazem 20 anos que o Caju nos deixou, mas falarei disso ainda essa semana. Talvez seja a música do Cazuza que me faz ficar revoltado com certas situações que vivo, meus amores desencontrados. Bom, indo daqui a pouco pra mais uma noite com os amigos. Mais uma noite que eu sei que vai ser igual as outras, igual a ontem, mas que, tirando aquilo que hoje eu digo que é injusto, eu adoro. Amanhã, recomeça tudo outra vez.

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