Como as coisas são... ou não...

Minha cama não pede pra eu dormir, porque amanhã tenho que acordar cedo pra trabalhar. Nem meu relógio atrasa as horas pra despertar de manhã e me deixar dormir mais 5 minutos.
Meu All Star preto não diz pra eu não usá-lo tanto, antes de furar sua sola, e nem a vendedora da loja me diz que ele é um tênis de custo pequeno, mas de uso curto.
O meu mp3 não seleciona direito as músicas que eu quero ouvir quando está no aleatório, e nem avisa quando está sendo carregado, que tal música eu vou me arrepender de ter tranferido pra ele.
Meu notebook não escolhe hora pra acabar a bateria, e ela, não faz nada por mim quando eu digo que está viciada.
A água que sai da torneira não fica mais quente quando, nos dias de frio intenso, eu vou escovar meus dentes e lavar minhas mãos.
Os cabos usb que utilizo nunca ficam no último lugar que os deixei, passeiam pela casa e não aparecem quando preciso deles.
Meus cd's não pulam da estante de saudades, quando me lembro deles e resolvo procurá-los. Se vingam de mim e não aparecem.
As gavetas da minha estante não escondem de mim os álbuns de fotos que eu não quero ver.
Meu cérebro não me poupa de sonhos que eu não quero ter.
Meu corpo se sente confortável com vinho, mas logo depois pede água.
Meu pulmão quer fumar mais quando estou sem cigarros.
Meus ouvidos não ouvem o que eu quero ouvir, e meus olhos não me poupam de ver aquilo que eu não quero ver.
Meus dentes não rejeitam minhas unhas na hora da ansiedade fatal. Meus dedos não se acanham ao doer, quando as unhas são roídas demais.
Minha boca não cala quando vai falar de amor na hora errada. E não me ajuda a transformar as palavras de amizade em declarações de amor, na hora certa.
Meu coração? Ah, esse é o mais sacana! Não me poupa da dor da saudade do que se foi, nem na hora que o cérebro chega a conclusão de que não vale a pena, de que não tem porquê. Ele também não segura seus batimentos quando meus olhos vêem aqueles outros olhos brilhando, aquela outra boca sorrindo, e quando inevitavelmente acontece o toque mínimo dos corpos. Meu coração tenta me controlar, me passar uma rasteira, me apunhalar nas costas, me fazer imensamente feliz e, logo depois, imensamente triste. É traiçoeiro e sabido. Usa meus olhos para que eu veja lindas paisagens, e depois me atira na melancolia que existe nesses mesmos quadros. Usa minha boca para dizer palavras doces de carinho, e logo depois se revolta, fica agressivo, e sou eu quem paga o pato. Engana meu cérebro, mente pra ele, e faz meus nerônios, pobres indefesos, se atirarem de cabeça na "tijela" da espera (ança) todo dia. Maldito coração que tudo e nada sabe, que sempre me teve nas mãos...

Nenhum comentário: