Um relato antigo

Esse relato é da noite do dia primeiro de maio de 2010! Foi postado no meu twitter, antes de eu possuir esse blog. Mas vale como registro recente de minha história, por isso, aí vai.

"Noite estranha, com gente estranha, num lugar estranho. A gente vai vivendo a vida, vai quebrando tabus, vai perdendo preconceitos, vai conhecendo o mundo, vai quebrando a cara com os donos da sociedade, com gente que a gente julga de bem, porque se veste bem, come bem, fala bem, são mais próximas da perfeição humana imposta sei lá por quem, sei lá onde, sei lá porque... E um dia você se vê num bar, conversando e cantando com um catador de latinha, que tem unhas sujas, dentes da frente podres, roupas encardidas, mas o mesmo gosto musical que o seu, tá tão cansado de tudo e das mesmas coisas, do mesmo jeito que você. Grita liberdade,liberta fantasmas e mágoas, vomita ao cantar Raul Seixas, Capital Inicial, Cazuza, o grande mestre Zé Ramalho. Tanto teatro presente, um bando de atores usando a música como texto e apresentando o seu inconformismo, no palco da vida. Apertam-se as mãos, dizem-se os nomes, contemplam um momento. Sim, você pensa, há 3, 4 anos atrás, no auge da sua escrotice comportamental, não estaria ali, nem passaria na frente daquele lugar. E aí você vê que nada que você aprendeu e cultivou tem importância, somos todos iguais, padecemos das mesmas glórias e merdas, somos limpos e podres iguais, por fora e por dentro. E que a vida, seja boa ou ruim, reserva sempre surpresas inexplicáveis, inusitadas, fantásticas, e inesquecíveis.

Relato de um cara de 25 anos, ainda meio embriagado pelo vinho, que reviu a própria vida, e todos seus conceitos num lugar onde a música e a falta de apego material reinou, e o fez ver que nada de verdade importa, que devemos só viver, sem amarras, sem prisões, sem julgamentos. Ser feliz e ter o que se recordar é o que importa".

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