Pedras no caminho

A previsão do tempo para amanhã anuncia chuva no interior de São Paulo. O céu está fechado agora e um vento cortante já apareceu. Vento anunciando chuva é diferente de vento de noite fria, pelo cheiro, pelo jeito que toca na pele. Minha mãe me contou uma história sobre a chuva, que eu nunca esqueci. Uma vez, caiu uma muito forte aqui em Tambaú, quando ela era bem criança e morava com meus avós numa casinha bem simples perto de onde hoje é o Posto Canecão. O temporal fez inundar várias casas, inclusive a da minha avó. O Rio Arrependido, que corta a cidade, havia transbordado. Quando a tormenta passou, o Padre Donizetti disse que, enquanto houvesse fiéis em Tambaú que crêessem nos milagres de Nossa Senhora Aparecida, nunca mais cairia aqui uma chuva como aquela. E desde então, nunca mais se viu aqui um temporal como aquele. Eu sempre me apoei muito nisso, e nunca temi a chuva aqui na cidade. Todo mundo que mora aqui pode confirmar que, muitas vezes, o tempo fecha e o céu escurece de uma maneira assustadora por aqui. A chuva vem, faz estragos pelas cidades da região, e aqui em Tambaú, ela vem mansa. Quando morava em São Paulo, eu tinha medo. Morava no 14º andar do prédio, e mesmo com todos dizendo que era até mais seguro, eu sempre me senti mais perto dos raios. Lembro de uma chuva que caiu às 3 da tarde de um dia da semana, que fez as luzes de todos os postes e os faróis dos carros se acenderem. O dia virou noite, e como diria minha mãe, era chuva que Deus mandava. Chuva em São Paulo sempre foi sinônimo de caos pra mim. Até ir no supermercado era sofrível. Os paulistas não sabem andar na calçada com guarda-chuva na mão. Era rezar pra não sair com o olho machucado. No interior, chuva sempre foi tranquilidade, calmaria, cheiro de terra molhada e uma certa melancolia doce no ar.

Tranquilidade marcou esse meu final de semana. Algumas pedras no caminho me fizeram ficar em casa, de resguardo. Uma pequena alteração na cor da urina não podia ter comprometido tanto meus dias em que busco histórias pra contar por aqui, não é? No princípio, era o suco de uva que tomei no almoço de segunda-feira passada. Depois, era a Malzibier que eu tomei na terça a noite, quando saí com a Aline, minha prima, e os amigos dela, para jogar conversa fora. Por fim, era coca-cola que tomei sei lá quando. Mas coca-cola não podia ser! Nunca me fez ficar com a urina escura! Então, era hora de ir ao médico. Este, me pediu um raio-x do abdômen e o exame de urina. Fiz um ultra-som no mesmo dia, na sexta-feira passada, e como disse a Lislaine, vi os meus bebês. Sim, três! Dois no rim esquerdo, e um no rim direito, bem pequenos. Mas não fui eu que escolhi o nome e sobrenome "cálculo renal"... Triste! Tarefa: beber muito líquido e esperar a cólica aparecer e enfim os bebês, quer dizer, as pedras saírem. O gozado é que não estava sentindo dor nenhuma até então, mas depois dos apertões do médico nos meus rins, a dor resolveu aparecer. Ela vem e vai embora, bem rápido, e sem incomodar tanto.
Outra coisa fantástica que tem acontecido são as sugestões que as pessoas me dão para expelir as tais pedrinhas. Chá de boldo, chá de milho verde, chá de simancol, de sumiço, chá de cadeira... Ah, esse eu tomei, nos dois consultórios que fui na sexta-feira. Mas até agora nada.

Tentando assim mesmo passar um fim de semana divertido, sexta a noite foi dia de rodízio de pizza, com a Lis, a Camila, o Rosalvo e o Don Che. Meu Deus! Nunca mais me deixem sentar perto do balcão, na direção do forno. Que calor terrível! Estou usando novamente lentes de contato, pois cansei do look "Bela, a feia", ou "Pedro, o Escamoso", como queiram. O problema é que minhas lentes são suicidas, elas pulam dos olhos nos lugares mais inadequados. Uma delas pulou quase no meio do prato, na pizzaria... Detalhe! Depois disso, bar do Euclides. Eu sei que é Deoclides, ok? Mas prefiro Euclides mesmo. Me lembra o carinha de pijama e pantufa do Rá-tim-bum, que tinha pesadelos na janela do quarto. Ah, até a Síiiilvia, a cobra, apareceu por lá, mas isso deixa pra lá... Última parada: cachaçaria! Uma cachaçaria vazia, mas animada. Fui com a Aline e os amigos dela. Logo falo deles direito por aqui. A banda tocava rock, e a cerveja ajudou a dar boas risadas. Cerveja pode no meu atual estado, é bem diurética... Aham, senta lá Cláudia! Bom, a Aline e a Gabriela bem que tentaram, mas a guria da banda não sabia cantar "Need You Now" da Lady Antebellum, nem "Satisfaction" dos Stones. A Aline jura até hoje que eu coloquei Pitones no bilhetinho, em vez de Stones, que por isso que não tocaram. Fica a dúvida hehe!

Sábado foi dia de churrasco com a galera na casa da Aline! Divertidíssimo! Cerveja, coraçãozinho de frango, costela recheada, ahh que delícia. Adeus regime, adeus rim também. A noite, não me senti nada disposto. Resultado: repouso!

Domingo foi um dia totalmente televisivo. E como todos conhecem a programação dominical, não comentarei aqui sobre nada que tenha visto. Este não é um post deprimente. Exatamente por isso também que não vou comentar sobre o remedinho que eu tomei a noite para fazer o exame de raio-x hoje de manhã, que me impediu de sair de casa ontem a noite, por pura precaução.

Segunda é segunda, poxa! É sempre igual, pra todo mundo. A gente reza pra ela não chegar logo, e reza pra ela passar rápido. E ela já está acabando. Será que até o próximo post, minhas pedrinhas ainda estarão aqui, incomodando e me fazendo sangrar? Pode ser que sim! Tem gente que carrega pedras por dentro durante uma vida toda, e elas acabam virando parte de si mesmos, pedras de estimação. Pedras e relevos que a gente insiste em cultivar dentro de nós, e que só nos corta, nos machuca. Bom, uma hora elas saem, sem antes fazerem doer, a pior dor, comparada a dor de um parto.

Nenhum comentário: